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Cigarro eletrônico é febre entre jovens mesmo sendo proibido no Brasil

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Especialistas alertam que os dispositivos eletrônicos causam risco à saude  |   Bnews - Divulgação Divulgação/ Ministério da Saúde

Publicado em 30/03/2022, às 08h10   Redação


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Febre entre os jovens, os cigarros eletrônicos também conhecidos como vape, têm venda proibida no Brasil, e segundo especialistas, eles podem causar complicações cardiovasculares e pulmonares. Além de influenciarem ao tabagismo.

De acordo com o portal Estadão, no equipamento são adicionados uma mistura de água, aromatizante, nicotina, propilenoglicol e glicerina vegetal, que ao esquentar, acionados por uma bateria, liberam uma fumaça branca e densa. E é justamente essa fumaça que pode aumentar o índice de carbono das células.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) alertam para a dificuldade de identificação das reais substâncias presentes no aerossol do dispositivo. Por vezes, no lugar da nicotina, o aparelho é usado para vaporizar outros químicos, como maconha. Alguns, podem, inclusive, estarem livre da nicotina também.

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Para o coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Paulo Corrêa, o cigarro eletrônico tem toxicidade aumentada em relação ao cigarro convencional. “Ele tem um filamento, que deve ser aquecido e é revestido por latão e outros metais, como cobre. Eles apresentam maior nível de metais, de duas a 100 vezes mais, do que nos cigarros tradicionais. O alerta é considerado cancerígeno.”

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), proíbe a venda de produtos de tabacos aquecidos, no Brasil. Existe um processo que está em trâmite regulatório. Ou seja, há possibilidade de flexibilização.

Especialistas alertam que os jovens são os principais usuários. Mais de 0,6% da população com 15 anos ou mais já estão utilizando os aparelhos de nicotina líquida ou aquecido, de acordo com a Pesquisa Nacional da Saúde (PNS) de 2019. A taxa varia bastante entre as unidades federativas. Liderando o ranking estão Distrito Federal (2,2%), Mato Grosso do Sul (2,1%), Paraná (2,1%), Goiás (1,4%) e São Paulo (1,3%).

Essa moda não é nada barata. O preço do dispositivo varia de R$ 60 até R$ 680 - os mais baratos eram descartáveis. Já os cartuchos vão de R$ 30 até R$ 130 e são embalados em caixas de cores vibrantes e, alguns, com desenhos de frutas, lembrando embalagens de chiclete infantil.

O vendedor de um estabelecimento, que comercializa o produto há três anos, em São Paulo, diz que o que faz mal é o uso sem orientação. “Eu não vendo sem dar uma consultoria”. Ele revela comprar o produto no centro de São Paulo, em “lojas grandes”. Neste ano, conta, a Polícia Civil já passou pelo estabelecimento. “Os cara aqui, olharam tudo, falaram que é ilegal, né? Mas nunca fizeram a apreensão.”

A  Organização Mundial da Saúde (OMS)  afirmou que os estudos sobre o assunto ainda estão incompletos ou inconclusivos. 

Criado no Japão, nos anos 2000, o cigarro eletrônico tinha como objetivo inicial ajudar a dependentes de nicotina largarem o vício. Mas, especialistas que atuam no tratamento do tabagismo acreditam não fazer sentido o uso do aparelho eletrônico com este objetivo.  “O objetivo do tratamento não é fazer a pessoa sair de um aparelho para outro, é se livrar da dependência”, destaca-se o chefe da coordenação de  Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer  (INCA), Liz Almeida.

Especialistas alertam que há uma série de riscos associados ao uso do aparelho. Há perigos relacionados à nicotina, e outros detalhes de tecnologia. Efeitos a longo-prazo ainda carecem de estudos, por se tratar de uma tecnologia relativamente recente - ainda não completou 20 anos.

A especialista em dependência da área de Pneumologia do Tabagismo do InCor, Stella Martins, diz que esses aparelhos podem apresentar uma quantidade de nicotina muito maior já que o sabor amargo é saborizado facilitando a adaptabilidade. Um cartucho pode conter uma quantidade de nicotina de até três carteiras do cigarro comum. O impacto da nicotina para um adolescente é muito pior, destaca Stella. “A nicotina vai agir no lóbulo frontal. Esse lóbulo frontal vai interferir na capacidade de discernir entre o certo e o errado, o bom e o ruim.”

“Gerações de adolescentes que nunca botaram um cigarro na boca, porque sabem que faz mal, agora, estão caindo na armadilha do cigarro eletrônico porque têm cheirinho e sabor agradável”, lamenta Stella.

A nicotina pode causar complicações cardiovasculares, como ataque e agressão de vasos sanguíneos (com possibilidade de amputação de órgãos), por exemplo. Além de problemas à fertilidade humana.

Além disso, o uso dos dispositivos pode ocasionar problemas pulmonares. Entre eles, a lesão pulmonar associada ao uso de dispositivos eletrônicos com quadros de falta de ar, dor no peito, febre afetiva, náusea, náusea e dor abdominal a, dor aguda e rápida, dor abdominal e superficial. São sintomas semelhantes aos da covid.

A falta de fiscalização é a principal falha na comercialização do cigarro eletrônico, na opinião do pneumologista Paulo Côrrea. “Não existe fiscalização. Sem ela e sem educação o consumo está crescendo.”

Em Nota, a Polícia Militar e Polícia Civil de São Paulo afirmaram que, sempre atuaram para coibir o comércio ambulante irregular e combater a pirataria. No final do ano passado, policiais civis, em parceria com a Receita Federal e Administração municipal, deflagraram a Operação Atmos, na qual apreenderam 135 mil cigarros eletrônicos e 325 mil essências.

Nas discussões, que iniciaram em 20 anos, Philip Morris e Japan International (JTI) empresas Souza Cruz Tobacco1 (a flexibilização da comercialização dos dispositivos eletrônicos de venda). Em suas apresentações, apontam para o produto como risco reduzido.

Em nota a JTI disse que “hoje o uso desses produtos já é realidade e que o mercado está abastecido por produtos de origem 100% ilegal, sem qualquer controle sanitário”. “Apenas a indústria formal não tem permissão de importar e comercializar já que se mantém obediente à legislação vigente.”

A BAT Brasil disse defender uma “regulamentação robusta, responsável e equilibrada”. “No Brasil, já existe um mercado crescente de consumidores de cigarros eletrônicos, estimados em mais de 2 milhões de pessoas. No entanto, 100% desse mercado é ilegal”, destacou, em nota.

A Philip Morris Brasil destacou que a Anvisa decide sobre a propaganda e estudos autorizados, mas disse que apresentou as pesquisas científicas sobre seu produto de tabaco aquecido. “Os documentos estabelecem uma diferença entre esse dispositivo e os cigarros eletrônicos que são comercializados ilegalmente no Brasil. Disso, mostram que a ausência de exclusividade e fumaça reduzem a quantidade de alunos, na comparação com o”, declararam em nota. O produto já é vendido em 71 mercados ao redor do mundo.

Profissionais da área da saúde apontam que a revogação do veto representaria um retrocesso. “A população que nunca fumou vai falar: 'Se a Anvisa regulou, vou fumar, porque é gostoso, é cheiroso, é agradável e me dá prazer. Aquele que não quer parar de fumar, que está postergando, vai migrar, porque “se a Anvisa disse, então esse não faz tanto mal à saúde”. Aquele que parou e sente saudade vai voltar 'porque a Anvisa falou, então ok'”, explica Stella.

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