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Dia dos Pais: A importância da figura paterna na rotina de crianças atípicas

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Pai de criança autista relata impacto do diagnóstico e como a rotina influencia no tratamento de seu filho  |   Bnews - Divulgação Pixabay

Publicado em 04/08/2023, às 05h30   Cadastrado por Victória Valentina


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As crianças muitas vezes buscam uma figura heroica na família para se espelhar. Em alguns casos, pode ser a mãe; outras escolhem os avós ou familiares mais próximos; e também há aquelas que enxergam o pai como o verdadeiro campeão. Os pais de crianças atípicas, por exemplo, são fundamentais na criação dessa imagem forte e inabalável. A presença deles em pequenas situações de rotina podem mudar o futuro de seus filhos.

Roque Almeida é um desses pais de criança atípica. Quando descobriu que o filho Heitor, ainda aos 4 anos, foi diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA) e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), não mediu esforços para correr atrás de seus direitos e deveres e colocá-lo para fazer terapias.

"Ele é autista de grau 1, tipo leve. Se comunica bem, não teve atraso motor ou cognitivo. Porém ele tem as estereotipias dele, características e individuais de cada criança, que o torna único. Autismo não tem cara e meu filho muitas vezes 'passa despercebido'. Mas quem conhece ele sabe das individualidades", disse.

O pai contou que, no início, teve dificuldades para encontrar um espaço adequado que o menino fizesse suas terapias e teve até problemas com o plano de saúde para cobrir o tratamento. Em determinada época, ele chegava a levar o filho em três clínicas diferentes para ser atendido.

"Era difícil. Minha esposa ainda não dirigia, então eu ficava sobrecarregado para levá-lo e ainda tentava conciliar com o trabalho. Muitas vezes ele faltava porque não tinha como levar, ou até se atrasava para ir pra escola por causa do tempo de deslocamento", relembrou.

Atualmente, a família de Heitor encontrou uma clínica onde a criança realiza terapias apenas duas vezes na semana, com os mais diversos profissionais, que vão desde psicólogos até musicoterapia. Hoje, aos 11 anos, a rotina pode parecer intensa, mas não se compara ao início conturbado desde a descoberta do espectro.

"É exaustivo. Não vou dizer que não tem estresse ou que a gente não fica desgastado em casa. Eu não estava preparado e de repente o diagnóstico dele caiu nas costas da minha família. Mas saber que meu filho vive bem, tem acesso a coisas básicas e está respondendo aos tratamentos faz o esforço valer a pena", garantiu.

"Meu receio é a forma como vão tratar meu filho na sociedade a medida que ele está crescendo. Fico pensativo sobre a ignorância das pessoas, se ele pode ser alvo de preconceito. A gente tem esse cuidado de explicar pra ele que ele é apenas uma criança, como todas as outras e que poucas coisas são diferentes, como a rotina e características. Ele se vira bem com isso, fala com todo mundo. Mas pai é pai, às vezes o pensamento negativo domina", desabafou.

A psicóloga clínica infanto juvenil Ana Paula Almeida é uma das profissionais que atende o menino nas sessões semanais. Ela, que cuida de crianças de 2 aos 13 anos, explicou sobre a importância de procurar um profissional de imediato após identificar os sinais básicos como interação social, comunicação e comportamento repetitivo e restrito.

"Procurar profissionais especializados para começar a fazer a interveção é primordial, assim melhores serão as chances da criança desenvolver suas habilidades sociais e de comunicação que sejam adequadas para sua idade. As terapias comportamentais são um exemplo de intervenção que, quando são iniciadas precocemente, conseguem trazer resultados mais eficientes para o tratamento", disse.

Ana Paula também reafirmou a diferença que a presença paterna na rotina da criança faz.

"A figura do pai ajuda a criança a se sentir mais segura, acolhida. O pai presente que está ali acompanhando o seu filho em suas terapias, nas consultas médicas, nas reuniões da escola, que se comporta de forma responsável com a criança se tornando acessível vai fornecer a ela benefício que a ajuda a maximizar e desenvolver suas habilidades sociais, cognitivas e emocionais na proporção que elas crescem", explicou.

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