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Maioria tem interesse, mas poucos fazem trabalho voluntário, mostra Datafolha

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De cada 5 brasileiros, 4 consideram o trabalho voluntário muito importante  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Renner Boldrino

Publicado em 05/12/2021, às 07h57   Vinicius Torre Freire/Folhapress


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De cada 5 brasileiros, 4 consideram o trabalho voluntário muito importante. Mais precisamente, essa é a opinião de 83% dos entrevistados pelo Datafolha a respeito de prestar serviços sem remuneração para a comunidade em projetos sociais.

A pesquisa é nacional e foi realizada em outubro. Além disso, 53% têm muito interesse nessas atividades, desejo ou intenção que é similar entre todas as classes de renda e instrução, mas um tanto menor entre pessoas com 20 anos de idade ou menos.

O grande interesse pode ser um sinal de que há possibilidade de que o trabalho voluntário se torne mais frequente.

No momento da pesquisa do Datafolha, 15% dos entrevistados disseram se dedicar à atividade; 33% já prestaram tais serviços; 52% nunca o fizeram.

Para quem fez ou faz, a frequência da prestação do serviço era de pelo menos uma vez por semana para 28% e de uma vez por mês para 25%.

O serviço voluntário mais citado é a ajuda a pessoas em situação de rua. O motivo e a intermediação religiosos são relevantes na disposição para o voluntariado.

Igrejas são as instituições mais conhecidas pela atuação na área. É lá também que ocorre a maior parte da atuação. Um dos três principais retornos da atividade é aproximar-se de Deus, dizem os voluntários.

A falta de informação sobre essas atividades e de conhecimento de instituições ou meios para se engajar é um empecilho para uma adesão maior ao serviço em projetos sociais não remunerados.

Entre os principais motivos para jamais ter se engajado estão a falta de oportunidade, de apoio, de incentivo e convite ou a escassez de informação a respeito de como fazer tais serviços, disseram 35% dos entrevistados.

A falta de tempo, devido a trabalho, estudos ou cuidados domésticos, foi razão apontada por 32%. A seguir, com 14%, vêm o desinteresse e a falta de identificação pessoal.

Entre as atividades solidárias, fazer algum tipo de doação é a mais comum: é a atitude de 94% dos entrevistados, outra vez similar entre todas as classes de renda, dos mais pobres aos mais ricos, e de escolaridade.

Cerca de 84% dizem que costumam doar alimentos (77% afirmam fazê-lo para gente em situação de rua), 52% doam dinheiro para pessoas nessa condição e 33% para instituições.

Entre as instituições que fazem trabalho voluntário, as mais conhecidas são igrejas, mas com apenas 18% de menções.

É também em igrejas ou templos onde ocorrem com mais frequência tais atividades (69%). Os voluntários dizem também atuar em associações de bairro (43%), instituições de ensino (35%), ONGs (33%) e hospitais (21%).

Apenas 17% das empresas em que os entrevistados trabalharam tinham ou tiveram programas de trabalho voluntário; a taxa de participação (atual ou em algum outro momento), no entanto, era elevada nas firmas (61%).

As atividades mais comuns são aquelas voltadas para pessoas em situação de rua, para 65% dos entrevistados que fazem ou fizeram serviços sociais.

Trabalhos relacionados com o meio ambiente são citados por 44% dos voluntários, mesma taxa de dedicação dos serviços na educação.

A seguir, praticamente empatadas, vêm esporte e recreação (40%), saúde (37%), proteção dos animais (36%), cultura (35%) e apoio ao ingresso no mercado de trabalho (34%).

A atividade prática mais comum entre os voluntários é arrecadar, doar ou distribuir alimentos para famílias carentes, necessitadas ou em situação de rua (45%).

A seguir, está a realização de atividades com crianças e arrecadação de roupas e brinquedos para elas (11%).

O principal retorno que uma pessoa obtém quando realiza uma atividade voluntária é ajudar as pessoas (64%), a sensação de bem-estar e aproximar-se de Deus (ambos com 54% das citações) e sentir-se útil (51%).

Os brasileiros disseram ao Instituto Datafolha que concordam total ou parcialmente com as frases estou sempre disposto a ajudar os que mais precisam (94% das respostas) e com gosto de ajudar os outros sem esperar nada em troca (98%).

À frente das demais, a área de ação voluntária que desperta muito interesse é a distribuição de alimentos, roupas e calçados (70%).

A seguir, vêm saúde e preservação ambiental (ambas com 63%), educação (62%), animais (61%) e auxílio a pessoas em situação de rua (58%).

Professor valoriza menos voluntariado geral e na educação

O Datafolha também procurou saber a importância que professores e população em geral dão ao trabalho voluntário na educação, além do propósito na escola.

No conjunto dos entrevistados, o voluntariado na área da educação é muito importante para 82%; entre os professores, 64%.

Tais atividades podem contribuir muito para o desenvolvimento de crianças e adolescentes para 88% dos entrevistados em geral e para 81% dos professores.

Quanto ao trabalho voluntário em geral, 76% dos professores o consideram muito importante (ante 83% na população em geral) e 37% têm muito interesse (53% no conjunto dos entrevistados).

O interesse declarado é menor entre os profissionais do ensino, mas 27% atualmente se dedicam a alguma atividade voluntária, mais que a parcela da população em geral que presta tais serviços (15%).

Professores e o conjunto da população entrevistada também apresentam algumas divergências em relação ao principal propósito da escola.

Para os professores, trata-se de preparar os estudantes para serem bons cidadãos, preparados para conduzir suas vidas políticas e cívicas, com 43% das respostas (ante 21% dos entrevistados em geral).

Ajudar os estudantes a obter seu próprio autoconhecimento e encontrar seu propósito pessoal de vida foi apontado como o principal objetivo da escola por 31% dos professores e 38% dos entrevistados em geral, números estatisticamente muito próximos.

Outra divergência maior aparece quanto ao objetivo principal ser o preparo dos estudantes em conhecimentos e distintas disciplinas para poder entrar na faculdade, opção escolhida por apenas 7% dos professores, mas por 22% da população em geral.

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