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Mudanças nas jornadas de trabalho chegaram para ficar e empresas precisam se adequar, dizem especialistas

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Especialista em direito trabalhista afirmou que a legislação já acompanha as mudanças  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Freepik
Bernardo Rego

por Bernardo Rego

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Publicado em 27/05/2023, às 05h40


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O mundo moderno já comporta mudanças em vários aspectos e um deles é o mercado de trabalho. Em uma era onde a tecnologia predomina, é preciso repensar os antigos costumes e inovar. Muitos profissionais ainda cumprem 44 horas semanais, mas já há um consenso de que se pode trabalhar menos horas e produzir a mesma quantidade.

Pensando nisso, o Brasil vai receber, entre junho e dezembro deste ano, uma ação que discutirá a redução dos dias trabalhados de cinco para quatro. A 4 Day Week, organização sem fins lucrativos, fez uma parceria com a empresa brasileira Reconnect Happiness at Work, para discutir o tema.

Com o intuito de compreender essa mudança, o BNews conversou com o advogado trabalhista, Breno Novelli, a fim de saber quais dispositivos da legislação amparam essa alteração na jornada de trabalho, bem como os impactos para empregados e empregadores.

Novelli destacou que, no primeiro momento, a alteração para quatro dias seria uma mudança cultural. “É uma mudança cultural, porque haverá um dia a menos de trabalho, portanto uma redução da jornada. Contudo, permanece o objetivo de produzir riqueza a fim de que a empresa consiga pagar aos empregados e os encargos, portanto é uma mudança que demanda tempo e engajamento”, pontuou.

Ele também salientou que legislação trabalhista já respalda essa nova modalidade de trabalho e citou o momento da pandemia, onde foi preciso haver uma readequação, a fim de que o trabalho remoto pudesse ser realizado.

“A legislação trabalhista possui diversos dispositivos para respaldar essa nova modalidade de trabalho, tanto a legislação, lei, quanto a jurisprudência, julgados. Há a possibilidade, inclusive, de haver uma negociação individual ou sindical, autorizando que seja realizado banco de horas ou compensação de jornada, situação na qual os trabalhadores teriam um expediente maior de segunda a quinta, entre uma ou duas horas a mais, para que possa se compensar de alguma forma as horas não trabalhadas nas sextas feiras”, disse Novelli.

Em relação aos possíveis pontos negativos, o advogado citou a redução da remuneração, tal como ocorreu durante a pandemia de Covid-19. “Uma jornada menor, semana menor, e dessa forma haver uma redução na remuneração, muito similar ao que se viu durante a pandemia após as Medidas Provisórias editadas pelo governo federal. Mas isso só é possível com autorização sindical”, destacou.

O BNews também ouviu a Consultora Organizacional de Vida e Carreira, Kelly Passarello, para detalhar de que maneira o novo formato de trabalho tem impactado o mundo empresarial. Segundo ela, as mudanças vieram para ficar.

“A pandemia acelerou uma mudança nas relações de trabalho, abrindo espaço para o trabalho home office, para a modalidade híbrida e para um olhar diferenciado no que se refere a questão de que para uma organização funcionar, entretanto tudo depende do segmento, porte e estrutura de cada empresa. É óbvio que toda mudança gera desafios, e tanto as organizações quanto seus profissionais precisam se adaptar a elas”, contou Kelly.

Passarello aproveitou a oportunidade para esclarecer a respeito das relações de trabalho, principalmente entre chefes e empregados. “O posicionamento do líder autoritário, que tem razão o tempo todo, que sabe tudo e que atua de forma abusiva, não cabe mais. Hoje, devemos ter uma liderança participativa, que envolva os liderados, que esteja presente apoiando e desenvolvendo, que incentive, mas obviamente que cobre, que mantenha a ordem e a organização”, observou. 

A consultora de carreira aproveitou a oportunidade para dar dicas àqueles que estão iniciando no mundo do trabalho mais recentemente, onde destacou a inteligência emocional, resiliência e empatia como fatores importantes. “Várias são as orientações que eu poderia dizer neste momento, mas inicialmente eu gostaria de mencionar o quão importante é buscar orientações sobre o mercado de trabalho, sobre as opções de escolha na carreira. Ter inteligência emocional, resiliência, empatia, comunicação, flexibilidade, capacidade de resolver problemas e trabalhar sob pressão são algumas das características que poderia salientar”, concluiu.

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