A Ribeira se consolidou como um grande atrativo para soteropolitanos e turistas, gerando emprego e renda para os moradores da Cidade Baixa. Além das já conhecidas belezas naturais, a estrutura do local impressiona: limpeza, orla marítima bem planejada, praças conservadas e uma impressionante variedade de programas culturais de qualidade. Neste 1º de abril, Dia da Mentira, a reportagem do Bocão News visitou o bairro e constatou que a realidade é muito diferente.A comunidade reclama do total abandono dos poderes públicos. A sujeira, a má conservação dos bens públicos e a insegurança estão fazendo com que uma das regiões mais tradicionais da cidade seja esquecida no roteiro de baianos e turistas.
“Tinha tudo para ser bem melhor do que é. A Ribeira tem uma das paisagens mais bonitas da cidade, um povo acolhedor, e não merece estar nesta situação. Moro aqui há 34 anos e nada melhora. Olhe a situação deste passeio público em frente a minha casa. Uma obra simples que poderia ser feita em 60 dias tem mais de um ano e não foi concluída. Estão esperando a Copa para terminar isso? A população anda com medo da violência. Ontem roubaram um rapaz no bar ao lado da minha casa. Conversei com minha família ontem e estamos pensando seriamente em trocar de bairro. Mas ir para onde?”, desabafou Darlan Almeida, morador da Avenida Beira Mar.A estrutura da orla da Ribeira, na opinião dos comerciantes e frequentadores da praia do bairro, deixa muito a desejar. Além da ausência das barracas, que foram derrubadas por ordem judicial, faltam também: segurança, chuveiros para banhistas, pavimentação, organização, entre muitas outras carências relatadas por moradores. 
O vendedor de cerveja da orla do bairro, Luis Humberto, popularmente conhecido como Luis da Pipoca, acha que apesar do prefeito João Henrique ser ‘boa pessoa’, está administrando muito mal o local. “Depois da retirada das barracas, o movimento caiu muito. Aqui tinha tudo para ser bem melhor. O lugar é lindo, mas muito mal aproveitado”, diagnosticou o comerciante. 
Críticas ao gestor da cidade também foram feitas pelo ambulante Genildo José. “João Henrique só quer saber de arranjar namorada. Deveria ir para o programa de Rodrigo Faro, que forma casais. A Ribeira está abandonada. A orla, uma vergonha. Alguém tem que dar um jeito. Espero que o prefeito, antes de dar a vez ao próximo, preste atenção no local”, argumentou o vendedor.
A má conservação dos bens públicos também foi criticada pelos moradores. Os equipamentos das praças estão pichados e sujos. “Tem a parcela dos poderes públicos, mas isso também passa pela educação da população”, pontuou Raimundo Tavares, morador da Península Itapagipana há 57 anos.
Por todo o bairro, a reportagem do Bocão News encontrou muito lixo e desorganização. Na Avenida Porto dos Mastros, umas das principais da região, além de sujeira e falta e pavimentação, a quantidade de entulhos chamou a atenção.
As obras da ‘Praça da Ribeira’, como chama a prefeitura de Salvador o logradouro situado no Bonfim, também preocupa a comunidade. Após a decisão judicial que obrigou o prefeito João Henrique a suspender as obras no local, o trabalho foi reiniciado em 29 de março, aniversário da cidade. “O bairro carece de opções de cultura e lazer. Quando algo mínimo tenta ser feito, alguma coisa atrapalha o andamento”, criticou o morador José Bispo.
O desabafo mais contundente veio do alto da experiência de Raimundo Nogueira, de 69 anos. Nascido e criado no bairro, Seu Nogueira, como é popularmente conhecido, lembrou do passado. “Antigamente, era um dos lugares mais procurados de Salvador. Era considerado nobre, como hoje é a Graça, a Barra e a Vitória. É triste ver esta situação. Uma lugar tão lindo está totalmente esquecido por quem tem o poder da caneta. Dá pena. Tão bela e tão abandonada Ribeira”, lamentou.
Fotos: Roberto Viana// Bocão News
