Justiça

Pisit Mota é acusado de agredir e ameaçar ex-mulher de morte; humorista nega

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Justiça determinou que humorista use tornozeleira  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 13/09/2019, às 15h52   Bruno Luiz, Tiago di Araújo e Yasmin Garrido


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O humor que diverte milhares de baianos em cima dos palcos esconde os problemas vividos pelo ator Pisit Mota com a Justiça e com a polícia. Ele é acusado pela ex-mulher, Mariana de Oliveira Faria, de agressão física e ameaças de morte. Alvo de medida protetiva determinada pelo Judiciário baiano, o humorista usa tornozeleira eletrônica, está proibido de fazer qualquer tipo de contato com Mariana, é obrigado a manter distância mínima de 200 metros dela e não pode frequentar locais nos quais a ex-companheira esteja presente, principalmente sua casa e seu local de trabalho. Ao BNews, o humorista negou as acusações.

Pisit recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de habeas corpus para derrubar as restrições e também a decisão judicial, de junho deste ano, que o obrigou a ser monitorado eletronicamente por 90 dias, para acompanhamento do cumprimento das medidas protetivas. Na Corte, ele tenta a última cartada, já que suas solicitações foram negadas em segunda instância no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), inclusive em órgão colegiado, pela Sexta Turma. O ator alega que o monitoramento é ilegal e está prejudicando seu trabalho, “mesmo sem ter praticado qualquer ilícito.” Nesta quinta-feira (12), no entanto, disse ao site que não está usando o equipamento. Mariana negou e afirmou que ele ainda está com a tornozeleira. Procurada, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) não respondeu se Pisit continua sendo monitorado ou não.

Segundo documentos do processo, obtidos pela reportagem, as ameaças de morte relatadas pela ex-mulher começaram após outubro de 2018, quando o casal se separou. No entanto, agressões físicas aconteceram antes, “diversas vezes”. Uma das ocasiões levou Mariana a registrar boletim de ocorrência e fazer exame de corpo de delito. Outras notificações de crimes chegaram a ser feitas à polícia por ela, do fim do ano passado até agora.

No pedido de adoção das medidas protetivas feito à Justiça pela Defensoria Pública da Bahia (DP-BA), a ex-companheira do ator relata que, além das agressões físicas, era xingada de termos como “escrota”, “puta” e “filha da puta” por ele. A peça fala sobre outros supostos episódios de agressividade envolvendo o humorista. 

“Quando o filho do casal completou 6 (seis) meses, o Requerido [Pisit] agrediu fisicamente a mesma pela primeira vez, com um soco no braço. Depois disso, os atos de violência passaram a ser frequentes. Em junho de 2016, o Requerido espancou a Requerente [Mariana], ela registou boletim de ocorrência e fez exame de corpo de delito”, diz a petição. A atitude que teria sido o estopim da separação teria ocorrido em 4 de outubro do ano passado, quando ele, com um pedaço de madeira nas mãos, teria ameaçado atingi-la com o objeto. 

O primeiro B.O. feito por Mariana foi em janeiro deste ano, quando Pisit esteve na casa dela para buscar o filho, de quatro anos, e a teria filmado, além de dizer que estava sabendo que a ex-mulher teria contratado um homem para matá-lo. Com base nesses fatos, a juíza Ana Queila Loula justificou a necessidade da concessão das medidas, em decisão de 8 de fevereiro deste ano. 

“Há prova inequívoca da verossimilhança de que vem sendo submetida a constrangimento e insultos por parte do requerido, através de ameaças de morte e xingamentos com palavras de baixo calão, o que tem incutido-lhe medo e violado sua integridade psíquica e moral”, avaliou a magistrada na época.

Após a determinação, Mariana voltou a recorrer à Justiça para estender as restrições ao filho do casal. Em julho, pediu que a escola da criança fosse incluída como área proibida de aproximação do ex-marido, com ampliação da monitoração eletrônica para o local. Em agosto, uma petição da DP-BA reiterou o pedido, após a vítima fazer novo B.O. para relatar que Pisit havia violado a decisão judicial ao mandar mensagens em seu número de WhatsApp. A solicitação de Mariana, no entanto, ainda não foi atendida.

O outro lado
Em entrevista ao BNews, o humorista Pisit Mota disse que as acusações da ex-mulher são motivadas por uma disputa que os dois travam na Justiça pela guarda da criança. Mariana tem o desejo de levá-la para morar com ela no Japão, mas não recebeu autorização do pai, o que a impede, pela lei, de se mudar. Ainda segundo ele, a ex-mulher tentou dar “um golpe da gringa”, para fazer várias acusações ao pai, viajar e responder o processo do exterior. 

“A distância geográfica é uma exclusão paterna para uma criança de quatro anos. Só que minha assessoria jurídica conseguiu um agravo no Tribunal que proíbe ela de viajar, e o intuito dela é realmente esse, ter um escândalo, para rolar uma demissão do pai, o pai ficar quebrado, não ter condições de assumir a criança e ela viajar com a guarda”, afirmou. 

Pisit afirmou também que a ex-mulher tenta usar a Lei Maria da Penha para prejudicá-lo como pessoa pública e que jamais cometeu qualquer tipo de agressão contra ela.

“Qual é a família que vai no show de um humorista que bate na mulher? Qual é a escola que vai dar emprego a um professor, um educador [também profissão do humorista], um especialista em violência no ambiente educacional, que agrediu a mulher? Então, foi proposital”, acusou.

“Eu tenho os laudos provando que nunca houve nenhuma agressão, exatamente porque eu sou um cara que milita a favor das mulheres, eu sou contra a qualquer tipo de agressão à mulher, sou especialista em violência no ambiente educacional, dou aula sobre isso, falo sobre isso o tempo inteiro”, defendeu-se. 

Procurada pela reportagem, Mariana de Oliveira Faria disse que preferia entrar contato com sua advogada antes de falar sobre o assunto, mas declarou que a “justiça está sendo feita”. “Todo machista abusador acaba dizendo sempre as mesmas coisas. Graças a Deus, eu percebi o relacionamento em que eu estava”, falou. 

Na noite desta sexta-feira (13), após a matéria ir ao ar, o humorista enviou nota para reforçar seu posicionamento. Leia na íntegra:

Eu, Pisit Mota, pai, empresário, humorista , ator e roteirista venho, por meio desta nota, rechaçar as acusações da minha ex-mulher, Mariana de Oliveira Faria, que também é mãe do meu Filho, Bento, de 4 anos, de que eu a agredi fisicamente e a ameacei de morte, como foi noticiada por alguns veículos de imprensa baiana. Venho aqui afirmar que o único objetivo de Mariana é me afastar do meu filho, tomar a guarda dele e ganhar uma pensão.  

A minha ex-mulher deseja ir para o Japão e levar o nosso filho juntamente com ela, fazendo com que Bento não tenha mais contato comigo, nem com a minha família. Para isso, ela usou meios escusos para me atingir e abusou da boa fé da nossa Polícia e da nossa Justiça para me prejudicar perante a lei e “tomar para ela” a nossa inocente criança. 

Eu tenho os laudos provando que nunca houve nenhuma agressão, exatamente porque eu sou um cara que milita a favor das mulheres. Eu sou contra a qualquer tipo de agressão à mulher, sou especialista em violência no ambiente educacional, dou aula sobre isso, falo sobre isso o tempo inteiro. 

Mariana fez, ao todo, nove boletins de ocorrência com mentiras e, antes mesmo da investigação por parte da polícia, ela entrou com uma ação judicial exigindo a guarda de Bento, a proibição da minha visita e o meu afastamento dela. De antemão, já afirmo que em sete das nove acusações registradas na polícia, nada foi confirmado. A intenção dela é, exclusivamente, com o intuito de me prejudicar. Em momento algum ela está pensando no nosso filho. E, mesmo a contragosto e tendo no meu íntimo que as acusações são falsas, eu nunca infringi o que foi determinado pela Justiça. 

Eu não vejo meu filho há mais de 210 dias. Estou desesperado e morrendo de saudade. Ela fez falsas acusações para me prejudicar e como forma de pressionar, pois eu nunca aceitei que ela levasse nosso filho para outro país, longe de mim e da saudável e necessária convivência com a família, os avós e tios. Ela já insiste em levar Bento para fora do Brasil há quatro anos, e como eu nunca cedi e ela nunca conseguiu autorização judicial para tal ação, Mariana resolveu fazer Boletins de Ocorrência na Polícia com mentiras e com o intuito de prejudicar a minha imagem como pai, como pessoa, como ser humano e com artista. Eu confio na nossa Justiça e tenho certeza de que será esclarecido. Só quero amar e ser amado por meu filho.


Atenciosamente, 

Pisit Mota

Matéria atualizada às 20h19 para incluir a nota do humorista Pisit Mota

Classificação Indicativa: Livre

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