Meio Ambiente

Junho Verde: Iniciativas buscam tornar mobilidade de Salvador mais sustentável

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É cada vez mais urgente ter um sistema de mobilidade sustentável, com transporte mais funcional, eficaz e menos poluente  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 19/06/2021, às 05h30   Samuel Barbosa


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Independente da época do ano são inúmeras as queixas de usuários com relação aos problemas no transporte público de Salvador. Além da prestação de serviço, um dos maiores problemas é o trânsito caótico, que gera engarrafamentos quilométricos e consequentemente perda de tempo, sem falar na poluição. Aos poucos o transporte urbano na capital baiana vem se transformando, principalmente com a chegada com metrô e em breve o BRT (Bus Rapid Transit).

Mas além das intervenções viárias com a construção de pistas, viadutos, pontes e tamponamentos de rios, é cada vez mais urgente ter um sistema de mobilidade sustentável, com transporte mais funcional, eficaz e menos poluente.

Dentro do projeto Junho Verde, o BNews conversou com representantes da Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob) e da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), responsável pela gestão do metrô da capital para saber quais as ações vem sendo tomada pelas instituições para preservação do meio ambiente.

“O principal objetivo evidentemente do BRT é dar a prioridade ao transporte público, prioridade essa necessária não só no que desrespeita ao congestionamento, fluidez, mas também levando em consideração as melhorias no meio ambiente e a poluição. O BRT é um sistema hoje utilizado em mais de 170 países, de média e grande capacidade”, afirma Fabrizzio Muller, gestor da Semob. 

Ele explica que o projeto foi pensado para reduzir o tempo de deslocamento do transporte público. “Tivemos algumas intervenções viárias que acabaram diminuindo a circulação de veículos particulares, mas o objetivo principal desse projeto é dar a condição necessária para que a gente tenha a priorização do transporte público, que esse é o futuro da cidade, se a gente não pensar dessa forma as cidades dentro de muito pouco tempo vão ficar inviáveis no ponto de vista de mobilidade, então temos que cada vez mais devolver o protagonismo ao transporte público”, disse.

Durante a entrevista, Muller ressaltou que as linhas do BRT serão diferentes das que já circulam na região atualmente, além do desejo de dar prioridade a eletromobilidade. “Existe um esforço da prefeitura em buscar viabilidade para priorizar a eletromobilidade, ainda é uma tecnologia muito mais cara que o convencional”. 
Bicicletas

Em 2018 o então presidente Michel Temer sancionou a Lei 13.724/18, que estimula o uso das bicicletas como meio de transporte e integrá-la ao sistema de transporte público coletivo através do Programa Bicicleta Brasil. Entre outras ações, ele propõe a construção de ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas; a implantação de aluguéis de bicicletas a baixo custo em terminais de transporte coletivo, centros comerciais e locais de grande fluxo; a construção de bicicletários nos terminais de transporte; e a instalação de paraciclos ao longo das vias e estacionamentos apropriados.

A lei também prevê a criação de uma cultura favorável ao uso da bicicleta como forma de deslocamento eficiente, econômica, saudável e ambientalmente saudável.

Nesse quesito, o secretário da Semob afirma que Salvador tem se destacado. “Somos uma das capitais que mais evoluiu nos últimos oito anos no crescimento de seu sistema cicloviário, no crescimento de políticas públicas de incentivo ao uso da bicicleta, somos uma das lideranças nesse processo em todo o Brasil, e toda a obra do BRT foi pensada também nesse trabalho de mobilidade de forma geral. O sistema do BRT prioriza o transporte público e também dialoga muito junto com o sistema cicloviário, praticamente temos ciclovia em todo o trecho do BRT, ter esse dialogo com a bicicleta que hoje cada vez mais é um transporte sustentável que está sendo usado na nossa cidade e não mais apenas como lazer”. 

Uma das grandes polêmicas em torno da construção do BRT foi com relação a retirada de árvores, mas que segundo a prefeitura já foi feita a recompensação. “A gente teve uma reposição de toda a vegetação, na própria poligonal da intervenção isso já vem sendo reposto, essa compensação vem sendo feita em outras áreas também. Era uma necessidade para que a gente pudesse ter ali um sistema de transporte capacitado e moderno, aquela discursão em algum momento foi um pouco politizada”, completou.

O BRT terá três linhas e dez estações Lapa, Vasco da Gama, Ogunjá, HGE, Rio Vermelho, Pedrinhas, Cidade Jardim, Cidadela, Hiper e Iguatemi. No total, 32 Km que serão feitos em 15 minutos, 33 minutos a menos que o ônibus convencional.  

Metrô de Salvador

Mais rápido, confortável e seguro, o metrô de Salvador também se destaca pelas ações de cuidado com o meio ambiente, entre elas a menor emissão de gases poluentes em comparação a outros tipos de veículos, já que o metrô é movido a energia elétrica limpa.

Segundo a coordenadora de Meio Ambiente e Qualidade da CCR Metrô Bahia, Gabriella Brito, os sistemas atualmente instalados possuem tecnologias para fornecimento de dados às equipes técnicas do Metrô Bahia com os quais, após avaliação e análise, é possível otimizar o consumo de energia na operação do sistema metroviário, no que se refere a circulação dos trens.

“Outras medidas aplicadas nos demais sistemas vão desde o processo de automação dos sistemas de ar condicionado, iluminação, elevadores e escadas rolantes, com os quais é possível programar horários de energização, desligamento ou redução em horários de baixa movimentação. Realizamos um projeto de modernização da iluminação do túnel da linha 1 entre o trecho das Estações Campo da Pólvora e Lapa, com a substituição de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED, que possuem uma vida útil mais longa e consomem menos energia. As demais áreas administrativas, iluminação interna e externa também passaram por essa otimização”.

Gabriella ressalta que a empresa tem apoiado e incentivado a otimização do consumo de energia. “Estudos e iniciativas para avaliação da aplicação de energias renováveis, tais como aplicação de energia fotovoltaica estão em desenvolvimento. Nossos colaboradores são engajados nas questões de sustentabilidade e na conscientização de consumo consciente dos recursos naturais”. 

A coordenadora de Meio Ambiente e Qualidade destaca ainda outros pilares estratégicos da CCR Metrô Bahia voltados à sustentabilidade. “Pensando nesse viés e na otimização de recursos naturais, a máquina lavadora de trens obedece a padrões mundiais de tecnologia e normas ambientais e tem como principal finalidade, recuperar, tratar e reutilizar entre 70 a 85% toda água envolvida no processo de lavagem. Todos os produtos utilizados neste processo são biodegradáveis, o que minimiza possíveis impactos ambientais”.

Ela conta que por Salvador e Região Metropolitana possuir períodos de bastantes chuvas, foi desenvolvido um projeto de captação e reaproveitamento de água de chuva, como as estações da Linha 2, que dispõem de sistema de captação de água pluvial e reaproveitamento da mesma nas descargas sanitárias. “O sistema é composto por reservatórios (inferior e superior) para armazenamento dessa água, sistema de bombeamento, e ramais de distribuição que possibilitam a chegada dessa água de reuso até os pontos de destinação final. Além disso, os vasos sanitários possuem mecanismos de saída "dual flash" onde é possível escolher entre as opções de utilização parcial ou total da água da caixa da descarga. Nossas torneiras também possuem arejadores e fechamento automático. Esse uso consciente da água pode representar uma economia de até 50%”.

O consumo de água é monitorado de forma online através de um sistema chamado Telemetria, que possibilita o acompanhamento remoto do consumo horário de água das nossas edificações. O sistema permite um controle mais eficiente, evitando gastos excessivos e desperdícios de água.
Outros projetos de sustentabilidade:

A CCR Metrô Bahia prioriza a reutilização, reaproveitamento ou reprocessamento de resíduos recicláveis. Segundo a concessionária, entre os anos de 2020 e 2021, já foram reciclados cerca de 89 toneladas de sucata metálica. Ao invés de serem destinados para aterros sanitários ou incinerações, são vendidos e os mesmos são reaproveitados em oficinas, usinas siderúrgicas.

Há também parceria com Cooperativas de Resíduos Recicláveis, firmada desde 2016, com a Camapet, que já se beneficiou com a doação de cerca de 66 toneladas de resíduos recicláveis, tais como papel, papelão, plástico e alumínio. São 18 famílias beneficiadas com a implantação e disseminação interna da coleta seletiva de lixo.

Veículo Leve de Transporte (VLT) 

Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) para agendar uma entrevista sobre o VLT do Subúrbio, mas não tivemos a confirmação até a publicação desta matéria.

Classificação Indicativa: Livre

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