Meio Ambiente

Semeadura de chuvas vira “plano B” para governo na seca

Imagem Semeadura de chuvas vira “plano B” para governo na seca
"Plantação" de chuvas nas nuvens não serve para resolver problema de barragens vazias  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 24/01/2013, às 16h30   Lucas Esteves (Twitter: @lucasesteves)


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O bem-sucedido projeto de semeadura artificial de chuvas na região da seca, feito em parceria entre as secretaria de Agricultura e Meio-Ambiente da Bahia e a empresa paulista ModClima no ano meio do passado não tem expectativa de ser levado adiante em 2013. A estratégia, que consistia em voos de aviões equipados com equipamentos que “plantavam” água em nuvens com potencial de precipitação, agora é tratada pelo Governo da Bahia como uma ação meramente pontual e emergencial, que pode ser acionada apenas em necessidades extremas.
Segundo o secretário estadual de Agricultura, Eduardo Salles, a seca no ano passado ameaçava comprometer toda a safra de abacaxi da região de Itaberaba e o projeto com a ModClima visou salvar esta produção, que gera R$ 100 milhões aos produtores do cinturão agrícola do fruto. A empresa, ao custo de R$ 200 mil tirados de recursos próprios da Seagri e Sema, realizou 17 voos, dos quais 14 foram bem-sucedidos e geraram precipitações entre 5mm e 14mm. As chuvas pontuais foram suficientes e, atesta o secretário, a lavoura deste ano foi salva.
Entretanto, a empresa e a secretaria chegaram juntos à conclusão de que a melhor forma de aproveitar o projeto em maior escala seria manter um avião da ModClima fixo na Bahia para aproveitar as melhores épocas de chuva. Entretanto, pelo alto custo do projeto - R$ 6 milhões -, foi inviável para a pasta viabilizá-lo. O secretário tentou novas verbas em outros órgãos do governo, mas não foi possível captá-los, ao passo em que agricultores também não foram capazes de financiá-lo. Restou como opção a própria companhia paulista acionar o Ministério da Integração Nacional, mas até o momento o projeto não foi aprovado.
Salles acrescenta também que, para o Governo do Estado, a semeadura de chuvas não resolve os principais problemas da seca na Bahia atualmente, que são os baixos níveis dos quatro maiores barragens do estado: Mirorós, Ponto Novo, Livramento e Mucugê. “O projeto foi proposto para durar mais um ano. Quando foi feito, funcionou a contento, salvou a safra do abacaxi, mas a nossa grande necessidade mesmo é encher os mananciais, que estão com baixos níveis por uma questão de suspensão de área irrigada. Este projeto ajuda as plantações, mas não tem como resolver o problema da pecuária”, explica.
Apesar de descartar a produção de chuvas artificiais como uma solução auxiliar permanente, Eduardo Salles não afasta a possibilidade de que em caso de extrema necessidade a ModClima possa ser novamente acionada para voltar a resolver problemas eventuais. “Se houver a necessidade outra vez de algo similar à cultura do abacaxi, ou até mesmo a do sisal, não vamos hesitar em recorrer mais uma vez a esta opção. Mas por enquanto não será preciso, pois as chuvas poucas que caíram recentemente são suficientes para manter o que temos. A cultura do sisal precisa de poucas chuvas para se manter”.

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