Meio Ambiente

COP29: “Bahia continua desmatando e não reconhecendo a presença da Mata Atlântica”, diz fundação

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Diretora de políticas públicas da fundação SOS Mata Atlântica esteve no Pavilhão Brasil para evento sobre ‘Água e Clima’  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Bnews

Publicado em 16/11/2024, às 13h17   Publicado por Vagner Ferreira



A diretora de políticas públicas da fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, esteve no Pavilhão Brasil durante a 29º Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29), que está acontecendo em Baku, no Azerbaijão, para evento sobre ‘Água e Clima’. Em entrevista ao BNews, ela destacou o papel do país no evento, além de fazer avaliação sobre a contribuição da Bahia acerca dos compromissos ambientais.

Para Malu, o desmatamento está ligado à crise hídrica, afetando diretamente o agronegócio e esse fator precisa ser assumido através de políticas públicas do país. 

“Nós estamos trazendo aqui para a COP uma boa notícia sobre a redução nos índices de desmatamento, em 55%, comparando com o primeiro semestre do ano passado, mas ainda estamos muito longe do desmatamento zero. Vários estados importantes, como a Bahia, continuam desmatando e não reconhecendo a Mata Atlântica nas áreas de transição de biomas, como da Caatinga e do Cerrado, a exemplo do caso de Matopiba”, disse.

Malu ressalta, no entanto, que Salvador tem adotado soluções de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Cidades como Salvador têm adotado soluções baseadas na natureza e precisam investir em tanto em parques urbanos, quanto na restauração de restinga, para garantir a segurança da população. Isso é uma questão que a ONU preconiza desde a chamada década da restauração dos ecossistemas e também nos ODS”, descreve.

“A cidade tem investido não só no saneamento básico, mas sobretudo em soluções baseadas na natureza, como no enfrentamento de deslizamentos, de enchentes, na restauração da floresta urbana e na região dos manguezais, que são extremamente estratégicos”, acrescentou, destacando a atuação da cidade soteropolitana. 

Painél Brasil no 6º dia de Conferência

A diretora participou do Painel Brasil sobre a Mata Atlântica que tinha como tema ‘Água e Clima, Governanças e Soluções’. Durante discurso, ela disse que o tema é extremamente estratégico, pois envolve questões relacionadas à seca extrema ou a temporais, como aconteceu no Rio Grande do Sul, em 2024. 

Segundo Malu, mais de 50% das emissões dos gases do efeito estufa no Brasil estão associadas à mudança de uso do solo e do desmatamento, que são ligados diretamente à água doce da superfície. E ainda, ela ressaltou que a água disponível no país parece bastante, mas é contaminada e tem uma baixa qualidade para a população.

Sobre o cultivo da Mata Atlântica em ambientes urbanos, ela comenta: "A Mata Atlântica urbana é extremamente importante para evitar o impacto de eventos extremos, como enchentes e escassez, além do deslizamento de áreas de encostas. Nós temos dados que em áreas com 80% de florestas não afetam a vida humana. Quando você muda a cobertura do solo, você vitimiza as pessoas. A chamada área de preservação permanente urbana, que o nosso código florestal, acabou sendo enfraquecido”. 

Malu ressaltou também sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) que foram apresentadas pelo país, mas acredita que ainda são insuficientes para o cenário atual.

“O Brasil apresentou aqui as nossas metas, a nossa NDCs, que são metas ambiciosas, mas, para nós da sociedade civil, ainda são muito baixas em relação ao que a ciência preconiza. A nossa expectativa era de que o Brasil puxasse os outros países para metas mais ambiciosas, mas há pontos positivos sobre o compromisso do Brasil desde o início do governo Lula com o desmatamento zero e a restauração da floresta”, concluiu

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