Meio Ambiente
Publicado em 22/11/2024, às 02h03 - Atualizado às 07h45 Por Andrea Vialli, de Baku, Azerbaijão
O entra e sai de gente pelos corredores da COP29, no Estádio Olímpico de Baku, pode parecer sisudo – e, muitas vezes é, com diplomatas de terno e gravata circulando. Um cenário bem diferente, porém, pode ser visto no Pavilhão da Infância e Juventude, na Zona Azul, com um burburinho de gente bem jovem.
No local, estava concentrada a delegação do Instituto Alana, organização de defesa dos direitos das crianças e adolescentes, que levou à COP29 jovens ativistas ambientais da América Latina - entre elas, as brasileiras Catarina Lorenzo (17 anos) e Taissa Silva da Costa (14 anos), o mexicano David Andujo (13 anos) e o colombiano Francisco Vera (15 anos).
Eles fazem parte do programa Crianças pela Natureza (Children For Nature Fellowship), uma iniciativa do Alana que busca apoiar o desenvolvimento e a participação de crianças e adolescentes dos países do Sul global na defesa de seus direitos em eventos internacionais, como as COPs.
“É importante que a gente tenha crianças nesses espaços, porque não podemos discutir sobre as crianças, sem as crianças. Há uma conexão direta com a luta climática e ambiental", diz Catarina Lorenzo.
Natural de Salvador, Catarina é descendente do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, do sul da Bahia. Seus pais migraram para a capital baiana em busca de melhores condições de vida, e ela desde muito nova se envolveu na luta socioambiental, com o coletivo Eco Club Sustentare, que realiza ações de limpeza de praias e educação ambiental.
A jovem também faz parte do movimento SOS Vale Encantado, pela proteção de uma área de um milhão de metros quadrados de Mata Atlântica no bairro de Patamares. "Minha família me influenciou a entender que lutar pelo meio ambiente é lutar por mim, por nós, porque somos meio ambiente", diz.
Representante da aldeia Kuturukari uca, do povo Kambeba do Amazonas, Taissa Silva da Costa já é uma veterana das COPs de clima - participou da conferência anterior, a COP28, realizada em Dubai em 2023. “A importância de estar na COP é para que a gente possa mostrar para as autoridades que temos muita experiência e muito conhecimento. Nossa fala é forte”, diz.
Em Baku, os jovens ativistas participam de diversas agendas, com encontros com delegações de crianças e adolescentes de outros países, e também com lideranças globais - entre elas, Mary Robinson, que foi presidente da Irlanda e ocupou o posto de Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos. O grupo entregou a ela um manifesto sobre a crise climática, contendo as preocupações das crianças e adolescentes sobre o futuro das negociações.
Para Capitu Maciel, analista de natureza do Instituto Alana, a participação de crianças e jovens têm crescido nas últimas conferências sobre clima, e é fundamental para que os direitos das crianças sejam considerados prioritários pelos negociadores do clima.
O Instituto divulgou na COP29 o "Manifesto por uma COP das crianças no Brasil em 2025", documento que defende que a COP30, a ser realizada no ano que vem em Belém, coloque a defesa dos direitos das crianças como prioridade absoluta e garanta que as necessidades desse público sejam consideradas nas discussões e decisões de encontros globais.
“Estamos de olho nas negociações, nas conversas, nas articulações para pautar as crianças em todos os tópicos: seja no financiamento, seja na adaptação", diz Capitu. “As crianças têm voz e vez, e precisam ser ouvidas".
A COP29, Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, segue até o dia 22 de Novembro em Baku, Azerbaijão, e conta com cobertura exclusiva do BNews.
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