Meio Ambiente

“Sem os EUA, não será possível limitar o aquecimento global a 1,5ºC", diz Observatório do Clima; entenda

Divulgação / Márcio Menasce - Observatório do Clima
Retorno de Trump à Casa Branca pode enfraquecer negociações climáticas, diz Observatório do Clima; entenda  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Márcio Menasce - Observatório do Clima

Publicado em 07/11/2024, às 08h39 - Atualizado às 08h56   Verônica Macêdo e Andrea Vialli



O retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca, em eleição realizada às vésperas da COP 29, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas que começa dia 11 em Baku, no Azerbaijão, acendeu um sinal de alerta entre organizações da sociedade civil que lidam com o tema ambiental. Elas temem um recuo global nas tentativas de frear a crise climática. 

Os Estados Unidos são, historicamente, o país que mais contribuiu para o aquecimento global e, atualmente, ocupa o segundo lugar no ranking dos países que mais emitem gases de efeito estufa, atrás apenas da China. Em seu primeiro mandato como presidente dos EUA, após ser eleito em 2016, o republicano retirou o país do Acordo de Paris - o tratado ambiental assinado em 2015 com o objetivo de combater as mudanças climáticas, limitando o aumento da temperatura média global a um intervalo entre 1,5ºC e 2ºC.

“É um cenário ruim para o clima, pois os EUA são o país no mundo que tem maior responsabilidade pela crise climática, e sem eles no tratado, não vamos conseguir limitar o aquecimento global a 1,5ºC, talvez nem a 2ºC", afirmou ao BNews Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima, que reúne 119 integrantes, entre ONGs, institutos de pesquisa e movimentos sociais.

Além da provável retirada dos EUA do Acordo de Paris, a eleição de Trump lança a suspeita de que o republicano, um declarado negacionista das mudanças climáticas, vá flexibilizar leis ambientais internas e os incentivos à atividades econômicas mais limpas, como a geração de energias renováveis e carros elétricos, previstas na Lei de Redução da Inflação. A lei foi sancionada pelo atual presidente Joe Biden em 2022 e prevê US$430 bilhões para conter a inflação e combater a crise do clima. 

Além disso, Trump é entusiasta dos combustíveis fósseis, como o carvão e o gás de xisto, que contribuem para aumentar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. 

Para Herschmann, contudo, a transição para fontes de energia que poluem menos é “imparável” e, a despeito da posição do novo líder norte-americano, está acontecendo em ritmo intenso. “A transição energética está acontecendo no mundo todo e inclusive nos EUA, pois é um bom negócio. Ela não vai parar, mesmo se os EUA abrirem novas frentes de exploração de petróleo e gás", explica a especialista. 

Para a COP 29, em que o principal assunto será o financiamento climático - ou seja, quem paga a conta para que os países mais pobres consigam fazer sua transição energética - a eventual saída dos EUA do Acordo de Paris pode atrasar ainda mais essa discussão. 

O BNews estará presente na Conferência das Partes deste ano - outra denominação conferida ao evento climático global COP 29 -, realizando cobertura jornalística completa através de seu site e de suas redes sociais.

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