Polícia

Não justifique, denuncie: DEAM registra 1070 casos de violência doméstica em três meses em 2019

Vagner Souza/ BNews
Para ajudar as vítimas, a ONG Anjos do Mar proporciona iniciativas com cursos de capacitação e de defesa pessoal  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/ BNews

Publicado em 16/04/2019, às 14h16   Yasmim Barreto


FacebookTwitterWhatsApp

Os casos de violência doméstica são noticiados quase que diariamente nos veículos de comunicação. É comum ligar a televisão e se deparar com uma notícia de mulher que foi agredida por um companheiro ou abrir o jornal e ler um caso de mulher que foi ameaçada por alguém próximo a ela. Isso reflete diretamente nas delegacias especializadas em atendimento à mulher: as DEAM’s. Segundo a delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) de Periperi, Simone Moutinho, foram registradas 1070 ocorrências em três meses, no ano de 2019.

‘’Foram quase 400 registros no mês de março, porque nós temos trabalhado em rede, tá tendo muita campanha da sociedade organizada, da mídia, das próprias redes de proteção à mulher no sentido de que se denuncie’’, afirmou a delegada. E para dar mais visibilidade a importância da denúncia aos casos de violência doméstica, o BNews dá continuidade ao tema na segunda reportagem da série Não justifique, denuncie.  

Além da denúncia, que já tratamos na primeira reportagem da série, Simone Moutinho ressaltou o trabalho em rede como um dos principais fatores para encorajar e oferecer suporte para as mulheres vítimas desses casos. ‘’Tanto as ONGS, não só defesa pessoal, mas têm umas que oferecem oficinas, as faculdades estão abrindo as portas também, tem uns projetos excelentes para que se gere emprego e renda para mulher’’.

Dessa forma atuava a ONG Anjos do Mar, com o projeto ''Não Provoque'', idealizado por Vera Bittencourt com apoio do ex-companheiro Fernando Ferreira. Através do projeto, que começou em 2011, Vera atendia mulheres de baixa renda, da região da Cidade Baixa, e que teriam passado por situações como agressão física e separação, com cursos de capacitação, atendimento psicológico e jurídico. ‘’Muitas eram espancadas até e como tinham algumas mulheres com problemas emocionais aí chamamos uma psicóloga ela colocou duas estagiárias para fazerem atendimento também, tinha advogada para fazer atendimento jurídico. E a gente começou a fazer um trabalho de autoestima mesmo’’.

Arquivo Pessoal

Contudo, a iniciativa, que proporcionou certificados de cursos de manicure, depilação, artesanato, fabricação de perfume, entre outros, precisou ser interrompida por falta de local e recursos após cerca de um ano de funcionamento, pontuou Fernando: ‘’O que faz nao funcionar hoje de fato é a sede, a sede é importante. Precisamos de ’oh vou lhe emprestar uma casa durante dois anos’ essa casa seria a sede da ONG Anjos do Mar que faríamos funcionar esses projetos, inclusive o Não Provoque’’.

Ao BNews, Vera revelou, que apesar das dificuldades, a vontade de combater e contribuir para a redução dos casos de violência doméstica e feminicídio é maior e por isso está com novas ideias para retornar com o ''Não Provoque'', porém ainda há a mesma barreira: falta de recursos. ‘’Ainda não foi feito por falta de verba, que é a continuação do projeto ''Não Provoque'', com outro foco, eu quero muito voltar com essa parte dos cursos de qualificação e trabalho de autoestima, mas esse é mais de proteção por causa dessa onda de violência que está acontecendo contra as mulheres agora’’.

A iniciativa com o novo objetivo atuaria com aulas de defesa pessoal voltadas para mulheres, informou Vera. “Esse projeto é muito importante e ele é grande, porque ninguém aprende a lutar para se defender em um mês, então a primeira etapa desse projeto que está no papel é de um ano. Mas depois vamos precisar de mais um, mais um, porque não é para a pessoa brincar de lutar, é para pessoa aprender a se defender mesmo. Nós precisamos de verba para tocar o projeto e a sede’’, completou.

Contudo, contribuições como materiais esportivos também são importantes para que o projeto saia do papel. ‘’Empresas de material esportivo, que eles possam patrocinar o projeto, nem que cada empresa dê uma cota que não seja grande, sabe? Eu acho que existem empresas que estão ligadas a artes marciais que podem ajudar’’.

Para o BNews, a delegada titular da DEAM de Periperi destacou a relevância das ONGS.

Assista ao vídeo:

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp