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Rússia ameaça bombardear navios britânicos na costa do Mar Negro após tiro de advertência

Reprodução/Ministério da Defesa da Rússia
Bnews - Divulgação Reprodução/Ministério da Defesa da Rússia

Publicado em 24/06/2021, às 15h58   Redação BNews


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As embarcações de guerra britânicas poderão sofrer bombardeios caso naveguem novamente na costa da Crimeia no Mar Negro, em águas sobre as quais o Kremlin reivindica soberania, segundo a reunião da Rússia com o embaixador do Reino Unido, em Moscou.  

Para as agências de notícias russas, o vice-ministro das Relações Exteriores, Serguei Ryabkov, ressaltou o que poderia ocorrer. “Podemos apelar ao bom senso, exigir respeito ao direito internacional e, se isso não funcionar, podemos bombardear”, disse. 

Ainda conforme o Ministério de Defesa russo, na quarta-feira (23), o contratorpedeiro britânico HMS Defender adentrou na Península da Crimeia por 3km, navegando em uma área anexada pela Rússia em 2014 após um referendo não reconhecido por potências ocidentais. O governo russo disse ter feito disparos de alerta contra o navio.

Em contrapartida, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alega que a anexação da Crimeia “foi ilegal” e que as águas são ucranianas. A autoridade do Reino Unido ainda ressaltou que, em razão disso, a travessia naval foi “totalmente correta”.

Na quarta-feira, o Exército britânico afirmou que o navio estava "fazendo uma passagem inocente por águas territoriais ucranianas, de acordo com o direito internacional", e negou que tiros de alerta tenham sido disparados pela Rússia, dizendo que forças russas faziam "exercícios de tiro" na hora da travessia.
Contudo, em Moscou, nesta quinta-feira (24), a Rússia convocou a embaixadora Deborah Bronnert para “protestar fortemente” sobre o que considerou uma ação "perigosa" do Reino no Mar Negro.

Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia emitiu o comunicado para alertar que "no caso de uma repetição de tais provocações, toda a responsabilidade por suas possíveis consequências recairá inteiramente sobre o lado britânico". A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, também acusou Londres de "mentiras descaradas".

O Mar Negro, que a Rússia usa como ponto estratégico de seu poder no Mediterrâneo, foi durante séculos um ponto de conflito entre a Rússia e forças concorrentes como Turquia, França, Reino Unido e Estados Unidos.

Os países ocidentais consideram a anexação da Crimeia, realizada militarmente e seguida por um referendo organizado pelo Kremlin, uma violação das leis internacionais. O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, acusou os pilotos russos de realizarem manobras inseguras de aeronaves 500 pés (152 m) acima do navio de guerra.

De acordo com o direito internacional do mar, a passagem inocente permite que um navio passe pelas águas territoriais de outro Estado, desde que isso não afete sua segurança.

O secretário de Relações Exteriores, Dominic Raab, chamou a versão russa dos eventos de "previsivelmente imprecisa".

Repórteres para a BBC e do Daily Mail que estavam no navio no momento do incidente descreveram uma cena tensa durante a qual a tripulação vestiu equipamentos de proteção e navios russos chegaram a uma distância entre 100 e 200 metros. Em imagens da BBC, se pode ver um alerta da guarda costeira russa de que ele atiraria se o navio britânico não mudasse de curso.

“Se você não mudar o curso, eu atiro”, disse uma voz russa com forte sotaque em inglês ao navio britânico.

Ainda de acordo a BBC,  os tiros foram disparados e cerca de 20 aeronaves russas estavam "zunindo" sobre o navio britânico.

O contratorpedeiro britânico visitou o porto ucraniano de Odessa nesta semana, onde foi assinado um acordo com o Reino Unido para ajudar a atualizar a marinha ucraniana.

Os laços entre Londres e Moscou estão congelados desde o envenenamento de 2018 com um agente nervoso desenvolvido pela União Soviética conhecido como Novichok, do ex-agente duplo Sergei Skripal, um agente que traiu centenas de agentes russos para o serviço de espionagem estrangeira do Reino Unido MI6.

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