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Eleições na Venezuela mantêm hegemonia do chavismo em derrota para oposição fragmentada

Prensa Presidencial
A derrota da oposição já era prevista por especialistas, mas o mau desempenho foi visto como indicativo preocupante para as eleições presidenciais de 2024  |   Bnews - Divulgação Prensa Presidencial

Publicado em 22/11/2021, às 10h52   Folhapress


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A fragmentada oposição venezuelana sofreu um revés nesta segunda-feira (22), quando os números oficiais das eleições regionais de domingo (21) mostram que o chavismo conquistou 20 dos 23 governos do país, bem como a prefeitura da capital Caracas.

O pleito, que foi o primeiro com a participação de observadores internacionais em 15 anos e também marcou o retorno da oposição, ausente desde 2018, teve participação de somente 41,8% dos eleitores.

Nas últimas regionais, em outubro de 2017, a participação foi de 61%, segundo os dados oficiais. Já nas eleições parlamentares do último ano, o comparecimento foi de 31%.

Entre os estados que agora serão controlados pelo PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), do ditador Nicolás Maduro, está Táchira, na fronteira com a Colômbia, região sensível entre os dois países e até então controlada pela oposição. Já uma das três regiões conquistadas pelos opositores é Zulia, estado mais populoso do país.

A derrota da oposição já era prevista por especialistas, mas o mau desempenho foi visto como indicativo preocupante para as eleições presidenciais de 2024.

Luis Vicente León, economista e presidente do Instituto Datanálisis, principal e mais respeitada empresa de pesquisas da Venezuela, afirmou que a alta abstenção (52,8%) e a fragmentação foram os fatores definitivos para os resultados.

"O objetivo buscado pela oposição moderada ao promover a participação nas eleições regionais era validar partidos e líderes e organizar mudanças na própria oposição", escreveu León em uma rede social. "Fica evidente que esse resultado, muito negativo, não alcança esse objetivo."

A oposição ao regime de Maduro está dividida, principalmente, entre as coalizões antichavistas MUD (Mesa de Unidade Democrática) e Aliança Democrática.

O presidente do Datanálisis classifica a divisão como um erro lamentável, em especial porque a soma dos votos das duas alianças em todo o país, afirma, mostra que há uma força significativa contra o regime de Maduro.

Diversos opositores, um deles o ex-candidato a presidente Henrique Capriles, afirmaram nesta segunda que, caso unida, a oposição teria votos suficientes para ganhar 10 governos, mais que o triplo do que foi conquistado de forma fragmentada.

Tomas Guanipa, candidato da oposição à prefeitura de Caracas, disse que os resultados mostram que é urgente repensar a estratégia adotada até aqui. "O que é inegável é que a grande maioria deste país quer mudanças e é por isso que vamos lutar."

O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por dezenas de países, não votou e permaneceu em silêncio.

O ditador Nicolás Maduro comemorou o triunfo do governo. "Boa vitória e boa colheita, fruto de um trabalho perseverante", declarou, rodeado de apoiadores do PSUV após os resultados serem anunciados.

Uma morte foi registrada em um tiroteio nas proximidades de um centro de votação em Zulia, mas o ministro do Interior, Remigio Ceballos, afirmou que o fato foi um crime isolado.

Os locais de votação abriram às 6h (5h em Brasília) em toda Venezuela e deveriam fechar às 18h do horário local, mas o prazo foi prorrogado, o que provocou críticas da oposição.

A lei venezuelana afirma que, enquanto houver eleitores na fila para votar, os centros de votação devem permanecer abertos.

O retorno de observadores da União Europeia (UE) é, segundo analistas, uma das concessões de Maduro para tentar encerrar as sanções econômicas das quais o país é alvo, que incluem um embargo petroleiro do governo dos Estados Unidos.

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