Brasil ignora pedido dos EUA e autoriza entrada de navios iranianos no país

A Marinha do Brasil contrariou um pedido dos Estados Unidos e autorizou a atracação de dois navios de guerra do Irã em portos brasileiros. A autorização foi publicada na edição do Diário Oficial da União da última sexta-feira (24) e conta com as assinaturas do vice-almirante Carlos Eduardo Horta Arentz, vice-chefe do Estado-Maior da Armada.

As embarcações Iris Makran e Iris Dena pertencentes à frota iraniana. As embarcações poderão atracar no porto do Rio de Janeiro neste domingo (26) e ficar até o dia 4 de março.

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A decisão da Marinha ignora um pedido feito pelos Estados Unidos. Há dez dias, a embaixadora americana no Brasil, Elizabeth Bagley, solicitou ao governo brasileiro que não permitisse que as duas embarcações atracassem no país. A diplomata alegou que os navios são de um país que financia o comércio de produtos ilegais e o terrorismo.

“Esses navios, no passado, facilitaram o comércio ilícito e atividades terroristas. O Brasil é um país soberano, mas acreditamos fortemente que esses navios não deveriam atracar em qualquer lugar. Até o momento, não há nenhum outro país do hemisfério que tenha autorizado”, disse Bagley em entrevista na embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

Com o objetivo de evitar um constrangimento com os EUA antes da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Washington, o governo brasileiro adiou a autorização para que os navios atracassem no país.

No entanto, no dia 13 de janeiro, o Brasil já havia autorizado a atracação dos dois navios no porto do Rio entre 23 e 30 de janeiro. O período foi rejeitado antes da viagem de Lula aos EUA.

Segundo a Marinha, o pedido de autorização para que os navios iranianos atracassem no país começou com uma solicitação da embaixada do Irã no Brasil ao Ministério das Relações Exteriores, onde constam alguns dados operacionais e o período desejado no porto.

Em seguida, a Marinha emitiu documento oficial publicado no Diário Oficial da União, que concedeu a autorização solicitada pelo Irã. Procurado pela reportagem, o Itamaraty não se manifestou.