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Xangai volta a fechar distritos e reacende temor de lockdown

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O lockdown na cidade, um dos mais severos do mundo  |   Bnews - Divulgação Reprodução AFP Xanga

Publicado em 09/06/2022, às 15h25   Folhapress


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Pouco mais de uma semana após o relaxamento do lockdown que confinou de maneira rígida a população de Xangai por mais de dois meses, moradores do importante polo financeiro da China foram surpreendidos com novos bloqueios para deter a onda de contaminação pela Covid-19.

O lockdown na cidade, um dos mais severos do mundo, levou infectados para centros de quarentena com pouca estrutura, provocou episódios de desabastecimento em algumas regiões e por certo tempo separou crianças de suas famílias. Isso espalhou ondas de indignação pela cidade, com movimentos organizados de protesto nas redes sociais chinesas e manifestações aos gritos pelas janelas de prédios.

As autoridades chinesas não cederam a pressão e mantiveram a rigidez das regras até que o número de mortes voltasse a zero e o número de casos fosse controlado, tudo dentro da chamada política de Covid zero, em que a meta é neutralizar a doença.

O relaxamento, em 1º de junho, espalhou uma onda de euforia, mas os novos bloqueios lembraram que a política de Covid zero não deve ser abandonada tão cedo. Nesta quinta (9), porém, depois de confirmar quatro casos sintomáticos e cinco casos assintomáticos da doença, a administração da cidade decidiu fechar novamente sete distritos ao longo do próximo fim de semana e realizar testes em massa.

Em uma cidade de 25 milhões de habitantes, no entanto, mesmo um lockdown parcial representa muita gente em casa: apenas um dos distritos confinados, Minhang, tem cerca de 2,5 milhões de moradores.

Mas, como as decisões sobre a Covid-19 são em geral descentralizadas no país e muitas vezes cabem a líderes de comitês de bairros ou de condomínios, alguns prédios na região central da cidade já vinham se fechando após moradores entrarem contato com pessoas contaminadas.

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O cerco continua fechado. Três contaminações recentes foram identificadas como relacionadas a um famoso salão de beleza na cidade, o Red Rose, que atendeu 502 pessoas desde o fim do lockdown. Com isso, as autoridades precisaram testar cerca de 90 mil pessoas que tiveram algum tipo de contato com os clientes ou os 16 funcionários do salão, disse o serviço de saúde da cidade, segundo a agência Reuters.

A volta do endurecimento das regras também acontece em Pequim, onde restaurantes e estabelecimentos noturnos foram fechados nos distritos de Dongcheng e Chaoyang, no leste da cidade, e haverá testes em massa. Segundo a administração da cidade, o risco da doença se espalhar ainda existe e "nosso controle e prevenção da epidemia não deve ter um pingo de relaxamento". A cidade enfrentou desde o fim de abril o medo de que também passasse pela rigidez do lockdown de Xangai.

Após mais de dois anos com as fronteiras fechadas, a chegada da variante ômicron fez o número de casos disparar e, só de abril em diante, o país registrou 588 mortes pela doença, concentradas em Xangai –o número é baixo para padrões do Brasil ou de nações ocidentais, mas considerado altíssimo diante da rigidez da política de Covid zero chinesa.

Ao todo, o país registrou nesta quinta-feira 240 novos casos de Covid-19, a maior parte deles na província da Mongólia Interior, fronteira norte da China.

Além da ômicron, o controle da doença ganhou motivos políticos. Isso porque no segundo semestre deste ano o país fará o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista, em que o atual líder, Xi Jinping, deve confirmar um inédito terceiro mandato. Figura mais poderosa do regime chinês desde Deng Xiaoping, Xi conseguiu abolir, em 2018, o limite de dois mandatos à frente do país, abrindo caminho para permanecer no poder de forma indefinida. Nesse cenário, o controle da doença, além da propaganda de que o país foi o que melhor soube lidar com a pandemia no mundo, é visto como fundamental para manter o apoio interno ao atual líder.

Enquanto isso, a população tenta retomar a vida normal. Nesta terça (7) e quarta-feira (8), por exemplo, um mês depois do previsto devido ao surto da doença, um recorde de quase 12 milhões de estudantes fizeram o "gaokao", espécie de Enem chinês que dá acesso às universidades do país, em 330 mil locais de prova. Segundo a imprensa oficial, 120 estudantes fizeram a prova de centros de quarentena.

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