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Na Sombra do Poder: Chantagem federal não cola na Bahia

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Os bastidores da política baiana  |   Bnews - Divulgação Arquivo BNews / Reprodução

Publicado em 07/12/2017, às 05h50   Editoria de Política


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Chantagem Federal

O Senado aprovou na terça (6) mais 1% de FPM para as prefeituras. O percentual será concedido todo mês de setembro e de forma escalonada. Um alívio para as cidades que atravessam uma crise. Mas, no governo Temer, não tem ponto sem nó. Em troca, o esquadrão do peemedebista quer que os prefeitos pressionem os deputados e senadores a votar a reforma da previdência. Eures Ribeiro (PSD), presidente da UPB, diz que isso não vai acontecer.

— Não pode querer chantagear os prefeitos. Eles que criaram a crise com suas guerras. O governo federal não faz mais que obrigação pois foram eles que geraram o prejuízo. Não troco reforma da Previdência por ajuda nenhuma. Sou contra e isso pode é gerar uma revolta entre os prefeitos. Estamos contra, mas estamos quietos. Se continuar com essa chantagem vamos trabalhar contra a reforma.

Aparecer é preciso

Durante a assinatura da ordem de serviço para a construção do Hospital Metropolitano, em Lauro de Freitas, na última segunda-feira, o que não faltou ao governador Rui Costa (PT) foi papagaio de pirata. Teve gente que, não satisfeita em ficar no palanque, fez de tudo para ficar ao lado do petista durante a entrevista dele à imprensa. Foi um alvoroço. Uma vereadora de Lauro de Freitas tentou se infiltrar pela área reservada aos jornalistas e só ficou satisfeita quando um assessor levantou a faixa de isolamento para que ela passasse. 

Desnecessário é gritar

Depois de protagonizar uma ação um tanto quanto ignorante com equipes de assessores durante um evento do governador Rui Costa na UPB, o cerimonialista agora foi deselegante com o próprio chefe. Só que com Rui não tem conversa, ou melhor, se quiser conversar enquanto o petista concede entrevista que vá mais para o fundo para não atrapalhar. A “pagação” foi gravada por todos os jornalistas que participavam do evento. 

“Por um triz” ou por uma gravata

A bancada governista da Assembleia Legislativa da Bahia escapou “por um triz” de perder a sessão que votou o termo aditivo aos contratos firmados com a União. A oposição pediu verificação de quórum e sem ter o número suficiente de deputados começou uma correria para os governistas marcarem presença. Eis que surge esbaforido Manassés (Pros), que sem perceber entrou no plenário sem terno e gravata. Ao notarem a ‘quase’ quebra de decoro os oposicionistas começaram a gritar e o deputado teve que voltar à sala do cafezinho para terminar de colocar seu traje. Vale lembrar que só pode entrar no plenário da “Casa do Povo” aqueles que estiverem devidamente paramentados: terno e gravata para homens.

Numa tranquila

Quem parece não saber o que está fazendo no mundo do Legislativo é a deputada/suplente/vice-prefeita Mirella Santos (PSD). As discussões no plenário da AL-BA pegando fogo e a parlamentar sequer prestando a atenção.

“Impregnado”

Acostumado com o poder – ficou dez anos ao centro da mesa diretora - o ex-presidente da AL-BA, Marcelo Nilo, ainda contribui como tal durante as sessões no plenário. Profundo conhecedor do regimento interno da Casa e dos ritos, Nilo “sopra” para os colegas que estão no comando da sessão os atos do presidente. Na última votação, na terça-feira (5), o ex-presidente sentou na última fileira das cadeiras e de lá gritava para Manasses (que presidia a votação): “zera o painel, zera o painel”. E assim fez Manasses...

Preguiça não

Deputados da base do prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) rebateram as informações publicadas por esta coluna, na semana passada, de que o gestor da capital baiana só não estava melhor nas pesquisas de opinião, pois tinha “preguiça” de andar pelo interior. Segundo eles, o prefeito recuou das viagens ao interior após os ataques da base do governador Rui Costa, que não mediu esforços para desqualificar as visitas e condená-lo por “deixar Salvador em meio aos expedientes”.

Não é só isso

A tática de viajar o país ou o próprio Estado deixando a prefeitura funcionando sem comando foi testada e derrotada em São Paulo. Na capital paulista, João Dória Júnior (PSDB) que sonhava ser candidato à presidência viu derreter sua popularidade ao passo que embarcava no seu jatinho tentando apoio para virar “presidenciável” num pulo, ou melhor, num voo.

Hora das cabeças

Há uma tese em circulação nos bastidores do Palácio Thomé de Souza com a defesa da troca de cabeças. Acreditam que deve-se levar em conta na formação da chapa “netista” os cabeças pretas, em referência aos fios de cabelos pretos dos jovens políticos. A ideia seria para combater os “cabeças brancas” do lado de lá, pois a chapa de Rui se encaminha para ser composta de políticos de mais idade.

Bolsa de aposta

Apesar da tese dos cabeças pretas correr, um nome tem se articulado nos bastidores para ocupar uma vaga do Senado. Não se assuste se nos próximos meses o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM) não crescer na bolsa das apostas para o preenchimento da majoritária, como o fez em 2010. Detalhe: pode ser fora do DEM.

Nem tão preta assim

O senador Otto Alencar vem repetindo em todo os lugares que vai que “cabelo preto” não é sinal de juventude ou modernidade. Mais que se pronunciar em causa própria, o líder do PSD baiano vincula as práticas dos adversários ao que há de mais antigo na política. “Não adianta ter cabelo preto e a cabeça no passado”.

Por falar nele

Não é que Otto passou de herói a vilão em poucos meses para os aliados do prefeito ACM Neto? Outro dia desses estava todo mundo o chamando de “noiva”, debutante, melhor de todos e a zorra. Agora, que fechou completamente a porta para migrar de grupo político virou o que há de pior. Até Aleluia soltou nota à imprensa dizendo que Otto deveria trabalhar ao invés de ficar falando de empréstimo.

Bom samaritano

Por falar em prefeito ACM Neto (DEM), comenta-se que a mudança de postura do chefe do Executivo soteropolitano a respeito do empréstimo e oferecer a “mão amiga” para ajudar a destravar foi um “jogo de cena” para sair como “bom samartiano” da contenda. Segunda (11), o projeto começa a ser tocado no Tribunal de Justiça e já se sabe que é difícil reverter uma eventual decisão favorável a Rui para que o dinheiro caia na conta.

Para além

Como diz Mino Carta: é de conhecimento até do mundo mineral que o empréstimo não saiu ou porque Neto não quis destravar ou porque de fato travou.

Quebra pau 1

O vereador Palhinha quase “sai na mão” com o presidente da Casa, vereador Léo Prates (DEM), nos bastidores da sessão de terça-feira (5). Tudo porque Prates, por falta de acordo de líderes, retirou um projeto de Palhinha de pauta e outro do vereador Alexandre Aleluia (DEM) que também ficou uma arara com o colega de partido. A questão reverberou na bancada governista que engrossou o coro contra Prates na seguinte tese: “tem cedido muito para oposição e até demais”.

Quebra pau 2

Prates não deixou por baixo. Fez levantamentos e argumentou que 80% das estruturas da Casa estão na mão de governistas e o mesmo índice versa sobre a tramitação de projetos. Ou seja, na hora de passar a conta, a oposição, segundo o presidente, tem recebido a sua proporção e a maioria das benesses tem ficado com a maioria.

Tarado por recordes

Um fato ficou comprovado no café da manhã com a imprensa com o presidente da Câmara, vereador Léo Prates (DEM): a fala do vice-prefeito Bruno Reis de que Prates é tarado por política vai mais além, pois é tarado também por recordes e números. O democrata ficou uma hora apresentando os dados do ano que “bateu todos os recordes” das antigas administrações. Em determinados momentos chegou até mencionar a Assembleia Legislativa da Bahia em alguns comparativos. Tá vidrado.

Coité

O prefeito Assis (PT) de Coité é elogiado até por adversários. Obviamente, nada público, mas a história de lá é outra. O presidente da Câmara, Professor Danilo (PT), colocou na Ordem do Dia, ou seja, na ordem de votação, um título de cidadão coiteense para o governador Rui Costa, mas para aprovar precisa de 2/3 dos 15 votos que a Câmara de lá tem. O problema é que base do governo lá tem nove vereadores e em véspera de eleição não tem ninguém querendo “facilitar” a vida de ninguém. Com nove não aprova e sendo assim o melhor foi nem colocar em votação. Mas a oposição não perdoa e ficamos sabendo.

Dorme não

Opa, Leo Prates perseguiu tantos recordes que foi flagrado dando uma cochilada no plenário Cosme de Farias. O registro foi feito, mas ao certo não dá para saber se estava de fato dormindo. O fato é que o presidente tá correndo trecho e uma hora o corpo grita, ou melhor, cochila.

Revolta do palhaço

Tiririca renunciou em alto nível. Quem nunca havia visto o “palhaço” falar em plenário se surpreendeu com a capacidade da narrativa. Deixou de lado a palhaçada e colocou muita gente “letrada”, escolada e com décadas mamando no dinheiro público para passar vergonha.

— É vergonhoso. Estou saindo decepcionado. A gente ganha muito bem. Costumo dizer que deputado trabalha muito e produz pouco.

Como vergonha é para quem tem. O sono do sossego impera no planalto central.

Revolta dos palhaços

Irmão do jornalista Henfil e do sociólogo Betinho, Chico Mario foi músico da família. Em seu disco “Revolta dos Palhaços”, lançado em 1980, a faixa ‘Se cobrir é circo, se cercar é hospício” consagra:

...Uma lona feita de batina
Um gigante em estado de coma…
Temos todos os vícios
Cada qual com seu ofício
Se cobrir é circo
Se cercar é ofício.

Classificação Indicativa: Livre

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