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Cop28: Braskem tem agenda verde enquanto Maceió enfrenta tragédia

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Braskem fará duas palestras sobre ambiente no pavilhão oficial do Brasil em Dubai nos próximos dias  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Juliana Barbosa

por Juliana Barbosa

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Publicado em 03/12/2023, às 09h27



 Enquanto a Braskem busca proeminência na COP28, onde discute sobre sustentabilidade e economia circular em Dubai, Maceió experimenta uma realidade assustadora e tangível. A empresa, programada para protagonizar duas palestras durante o evento global, aborda temas como o "papel da indústria na economia circular de carbono neutro" nesta sexta (8) e os "impactos da mudança do clima" na próxima segunda (11) - discursos que ecoam de maneira irônica enquanto a população local enfrenta as consequências devastadoras de suas operações.

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O solo na área da mina 18, onde a Braskem exercia suas atividades, está afundando a uma taxa mais lenta, registrando 0,7 cm/h, mas o temor de colapso persiste. Desde o início do monitoramento, em 28 de novembro, o solo já cedeu 1,61 cm. No período de 24 horas, sexta (1) e sábado (2), o deslocamento de terra atingiu 11,8 cm.

A região ao redor do Mutange já foi evacuada integralmente, assim como partes consideráveis dos bairros vizinhos, Bom Parto, Bebedouro e Pinheiro. A Defesa Civil de Alagoas assegura que o colapso iminente da mina não representa risco para outras áreas.

A coordenação da Defesa Civil revelou que a mina, localizada na antiga área do campo do CSA, no Mutange, é monitorada com imagens feitas pelo menos duas vezes ao dia para rastrear o progresso do afundamento. Além disso, a área é constantemente monitorada por equipamentos, registrando incríveis 250 tremores no último sábado (2).

Enquanto o solo cede e os tremores persistem, a Braskem, em contrapartida, encerrou a extração de sal-gema em 35 minas em Maceió em maio de 2019. A empresa alega seguir um plano aprovado pelas autoridades, alcançando 70% de avanço nas ações, com previsão de conclusão em meados de 2025.

A dualidade entre a retórica ecoada na COP28 e a crise em Maceió destaca um dilema palpável. Enquanto a Braskem proclama comprometimento ambiental no cenário global, suas atividades passadas e as consequências atuais questionam a verdadeira integridade dessa postura. A cidade continua a tremer, fornecendo um lembrete angustiante da urgência em traduzir palavras em ações concretas.

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