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Líder em energia eólica e solar, Nordeste mira hidrogênio renovável e atrai estrangeiros

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Dados cedidos ao BNews pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica revelam o potencial do Nordeste no mercado da energia limpa  |   Bnews - Divulgação Ilustrativa / Pixabay
Adelia Felix

por Adelia Felix

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Publicado em 12/03/2023, às 06h00


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O Nordeste concentra a maior produção de energia eólica e solar do Brasil. Entre os cinco estados com maior geração eólica, quatro são da região, segundo dados cedidos ao BNews pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Já no cenário das usinas solares, três das cinco maiores são nordestinas. As informações são referentes a 2022. 

No primeiro mês deste ano, o saldo também é positivo. A região produziu mais de 9.200 megawatts médios de energia eólica e solar, volume equivalente à capacidade de geração de duas usinas do tamanho de Belo Monte, de acordo com a CCEE.

À reportagem, a vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE, Talita Porto, explica que a região tem ótimas condições climáticas para a produção dessas fontes. “Há bons ventos e excelente insolação ao longo de boa parte do ano. Isso atrai o interesse dos investidores para esses estados, o que se traduz, por sua vez, em uma concentração das usinas na região”, diz.

Ainda de acordo com a vice-presidente da CCEE, a indústria de energia renovável gera um ciclo virtuoso para as economias locais. Primeiramente, com a contratação de pessoas para a construção das usinas, arrendamento de terras para a implantação dos equipamentos solares e eólicos, e investimentos dos empreendedores nas regiões de entorno.

“Há também um efeito indireto de desenvolvimento de cadeias industriais para a fabricação e manutenção dos componentes desses empreendimentos. Além, é claro, de toda a movimentação que estamos vendo na região por conta do desenvolvimento do mercado de hidrogênio, com investidores do mundo todo olhando para o Nordeste”, acrescenta.

Apesar de ser desafiador traçar uma estimativa para a produção neste ano, haja vista as previsões meteorológicas, Talita Porto avalia que o número de usinas eólicas e solares continuará crescendo tanto na Bahia como em outros estados da região.

“Pelos leilões que realizamos aqui na CCEE, em parceria com a ANEEL [Agência Nacional de Energia Elétrica], é possível termos uma ideia desse crescimento. Para 2023, temos a previsão de início da operação de mais de 50 novas usinas eólicas e seis fazendas solares na região Nordeste. No caso da Bahia, serão 69 novos empreendimentos eólicos em operação nos próximos três anos”, disse.

Produção deste ano
Em janeiro, o Rio Grande do Norte liderou com a geração eólica, fornecendo à rede 2.959 MW médios, seguido pela Bahia (2.477 MWm), Ceará (1.009 MWm), Piauí (891 MWm), Pernambuco (326 MWm), Paraíba (231 MWm) e Maranhão (181 MWm).

No mesmo período, na geração solar fotovoltaica, a Bahia saiu na frente com produção de 393 MW médios, seguida por Piauí (276 MWm), Ceará (171 MWm), Paraíba (123 MWm), Pernambuco (83 MWm) e Rio Grande do Norte (70 MWm).

Parque eólico no Rio Grande do Norte. Foto: Divulgação

Segundo Informes Executivos de Energia Eólica e Solar, o estado baiano conta com 265 parques eólicos e 46 parques solares fotovoltaicos em operação, com investimentos totais de R$ 34 bilhões, e capacidade instalada de 7 Gigawatts (GW) de eólica e 1,3 GW de solar.

A previsão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) do Governo da Bahia é de que sejam injetados mais R$ 62 bilhões para a construção de parques eólicos e solares. A pasta estima investimento nas 186 usinas eólicas em construção ou projetadas de cerca de R$ 32 bilhões. Já a energia solar tem 22 parques em construção e mais 234 devem ser implantados futuramente. Os investimentos projetados pela secretaria são da ordem de R$ 44 bilhões.  

Hidrogênio renovável
Talita Porto considera que o Nordeste tem potencial para avançar no mercado de hidrogênio renovável, o qual possui as duas fontes (energia eólica e solar) como principais matérias-primas para a fabricação do insumo.

“Especialmente, o Ceará, que do ponto de vista geográfico, tem mais facilidade para a exportação do insumo para a Europa e os Estados Unidos. O interesse dos investidores pela região, sobretudo no Porto do Pecém, me parece ser cada vez maior e já temos visto os frutos dessa aposta no estado”, afirma.

No entanto, ela pondera que o mercado ainda é novo para todos e está aos poucos sendo pavimentado. Além disso, os projetos que existem hoje estão na fase piloto, pois, ainda não há, no Brasil, produção em larga escala do hidrogênio renovável.

“Aliás, a CCEE tem contribuído ativamente com o desenvolvimento desse mercado. Lançamos no final do ano passado uma versão piloto da nossa Certificação de Hidrogênio, que analisa a origem da energia utilizada na fabricação do insumo. Esse é um serviço essencial para que um comprador, vamos dizer, na Alemanha, tenha confiança de que está comprando o que quer: um hidrogênio limpo, produzido com fontes renováveis”, explica.

Leilão global de Hidrogênio Renovável
Como operadora do mercado brasileiro de energia, a CCEE tem grande expectativa para o primeiro o primeiro leilão global de Hidrogênio Verde (H2V), que acontecerá neste ano, na Alemanha. Organizado pela H2Global, o certame negociará os produtos derivados do processo de produção do gás hidrogênio.

A Câmara atua como apoiadora estratégica das empresas interessadas em participar do leilão e certificadora no caso dos possíveis vencedores.

Classificação Indicativa: Livre

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