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Pescadora e filha são acusadas de roubo e têm bolsas revistadas por médico após atendimento em UPA

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Segundo a pescadora Sandra Franco, de 42 anos, o profissional tinha perdido o aparelho e, após pressionar as pacientes, encontrou o telefone  |   Bnews - Divulgação Reprodução / WhatsApp

Publicado em 05/10/2023, às 11h01   Cadastrado por Bruno Guena


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Uma pescadora e a filha dela, uma jovem de 17 anos, foram acusadas de roubo e tiveram as bolsas revistadas por um médico depois de uma consulta na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco. O caso aconteceu na última sexta-feira (29).

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Segundo a pescadora Sandra Franco, de 42 anos, o profissional tinha perdido o aparelho e, após pressionar as pacientes, encontrou o telefone. A Polícia Civil está responsável pela investigação do caso.

Sandra procurou a UPA de Ipojuca, pois a filha estava com alergias e sogria com tosse e falta de ar há quatro dias. A garota passou por uma triagem e, no consultório, foi atendida pelo médico Matheus Nickel Saúde.

De acordo com a prefeitura de Ipojuca, que administra a unidade, o funcionário nega ter feito acusação de roubo e afirma que "perguntou a alguns pacientes se tinham visto o aparelho celular".

"Ele atendeu a gente e passou remédios para ela. Quando estávamos na sala de medicação, depois de uns dez minutos, ele chegou agoniado e com um celular no ouvido, como se estivesse ligando para o telefone dele, e perguntou se nós duas não estávamos sentindo um celular vibrando, porque o telefone dele tinha sumido", afirmou Sandra Franco.

Confusa, a pescadora indagou o médico se ele estava acusando ela e a filha de terem furtado o celular. A resposta dele foi ainda mais taxativa.

"Ele disse 'vocês foram as últimas pessoas a saírem do meu consultório. Abram a bolsa'. Eu e minha filha abrimos a bolsa, ele revistou e saiu bem abusado. Além de nós, havia mais seis pessoas na sala de medicação. Passados alguns minutos, ele bateu na porta, olhou novamente para a gente e perguntou 'cadê meu celular?'. Ele tinha muito ódio nos olhos", declarou a pescadora.

A pescadora disse que tudo ocorreu quando elas ainda esperavam para que a adolescente fosse medicada, e que técnicas em enfermagem que trabalhavam no local presenciaram as acusações.

"Eu não estava aguentando mais e levantei meu vestido até a minha cabeça para ele ver que eu não tinha roubado. Minha filha levantou a blusa. Ele saiu indignado. Depois de um tempo, voltou, abriu a porta e disse 'achei o celular. Desculpa aí'. Foi aí que eu desabei. Comecei a chorar bastante, porque nunca fui tão humilhada", contou.

"Na hora, nem pensei em ligar para o 190 e acionar a polícia. Nunca passei por algo assim, e acho que o fato de sermos negras tem a ver com esse julgamento dele", disse.

A direção da UPA chamaram as vítimas. Lá, uma enfermeira pediu desculpas em nome do hospital e do médico.

No sábado (30), as duas foram à Delegacia de Porto de Galinhas, também em Ipojuca, para registrar um boletim de ocorrência.

Em nota, a Secretaria de Saúde da cidade lamentou o ocorrido e contou que a gestão da UPA conversou com o médico, "que explicou que perguntou a alguns pacientes se tinham visto o aparelho celular, mas sem fazer acusação a ninguém sobre a falta do equipamento".

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