Polícia

Mais de 100 ônibus são assaltados por mês em Salvador

Publicado em 15/08/2011, às 10h23   Redação Bocão News


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De acordo com boletins diários divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), cerca de 100 ônibus são assaltados por mês em Salvador - mais de três ao dia. Entre janeiro deste ano e a última quinta-feira, 11 de agosto,  684 assaltos foram registrados pela polícia.

O delegado Nilton Tormes da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, responsável pelo Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gerrc), afirma que os números são ainda maiores, mas as pessoas não registram as ocorrências. “Algumas pessoas têm compromissos e não vêm à delegacia”, argumentou.  A média dos valores roubados é de R$ 96,20. O maior roubo foi de R$ 873.

De acordo com os boletins da SSP, as linhas mais perigosas são as que trafegam por São Caetano, pela BR-324, Avenida Paralela, Itapuã, Rio Vermelho, Iguatemi e Pituba. Até a última quinta-feira, 61 assaltos em coletivos foram realizados em São Caetano. O bairro sofre por haver criminosos atuando na área e devido à geografia. “As quebradas de lá têm muitos becos e escadarias”, explicou.

Em segundo e terceiro lugares estão duas grandes vias de velocidade. Na BR-324 foram registrados 48 ocorrências. Na Paralela, 44. A preferência é devido à facilidade de fuga, e também pelas duas vias passarem ônibus intermunicipais. “Os criminosos sabem que os passageiros transportam mais valores por estarem viajando. As ações dos bandidos duram poucos minutos - o tempo do ônibus trafegar entre dois pontos. Os ladrões usam outro método nestes locais. Como há muito matagal em alguns pontos, eles abrem trilhas para escaparem rapidamente.


Passageiros sofrem com constantes assaltos

 As áreas nobres da Pituba e Rio Vermelho estão entre as preferências dos assaltantes porque os dois bairros concentram pessoas de maior poder aquisitivo. Nestes locais, o horário preferido é entre 18h e 20h. “Tem muito comércio e esta é a hora que os funcionários saem do trabalho”, explicou o tenente Ângelo Matos, do grupamento Gêmeos, especializado no combate a roubos em coletivos. Eles preferem atacar à noite ônibus com menor número de passageiros. Além de ser mais fácil fugir na escuridão, há menos gente na rua.

Os veículos mais vazios são mais interessantes para evitar que os passageiros tentem alguma reação. Os ladrões não costumam assaltar nas áreas onde vivem nem formam quadrilhas fixas. Muitos grupos se desfazem após o crime. A ação é rápida e acontece entre dois pontos. Para não atrair suspeitas, alguns usam uniformes escolares. Os passageiros não devem reagir.

Segundo o delegado, os bandidos quase sempre estão armados e, pelo fato de muitos serem iniciantes no mundo do crime, costumam usar drogas para adquirir coragem para a ação. Parte das quadrilhas de assaltantes de ônibus é recrutada por traficantes. Segundo o responsável pelo Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gerrc), delegado Nilton Tormes, alguns líderes do tráfico chegam a pagar salários para os bandidos. “Eles recebem armas e entregam o produto do roubo ao traficante. Mas não é um bom negócio, porque no final do mês eles recebem um valor fixo”, afirmou.

Contudo, as quadrilhas fixas são exceções. Tormes citou um grupo formado por 20 pessoas de Tancredo Neves que roubava ônibus na Paralela - oito integrantes estão presos. Na Pituba, o tenente Ângelo Matos, do grupamento Gêmeos, afirmou que existe uma quadrilha do Vale das Pedrinhas formada por três menores de 12 e 14 anos - a chefe é uma adolescente de 16. “É a menina que empunha a arma e rende os passageiros”, afirmou.

O delegado disse que a quantidade de crimes aumenta nas vésperas de feriados e festas populares, como Carnaval e São João. “Os bandidos também querem consumir, comprar roupa nova e curtir a festa. Muitos alugam armas e fazem até três assaltos em uma semana”.

Os ladrões não costumam levar grandes quantias nos assaltos em ônibus. De acordo com os boletins diários da SSP, a média é de R$ 96,20. O prejuízo das empresas não é maior porque elas recolhem o dinheiro dos cobradores e colocam cofres dentro dos ônibus. Muitos dos criminosos são usuários de drogas e roubam para comprar entorpecentes. Os criminosos costumam atuar em trio. “Um fica na parte da frente, outro no fundo e o terceiro saqueia os passageiros. Assim têm um bom campo de visão”.

Reprodução Correio Online

Classificação Indicativa: Livre

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