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Vigilantes de carros-fortes vivem entre tensões e traumas em meio a ataques

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Na Bahia, 68 profissionais já foram vítimas de ações criminosas. Dois morreram  |   Bnews - Divulgação Leitor/BNews

Publicado em 05/10/2018, às 14h55   Diego Vieira


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Em menos dois meses, Salvador registrou quatro casos de ataques a carros-fortes. O último aconteceu na terça-feira (2) no estacionamento do supermercado Extra, na Avenida Vasco da Gama. Na ação criminosa, quatro homens armados trocaram tiros com os vigilantes da empresa de valores após roubarem um malote com dinheiro. 

De acordo com Gilberto Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Empregados de Empresas de Carros-Fortes e Transporte de Valores do Estado da Bahia (SindForte), só neste ano, 17 assaltos a carros-fortes foram contabilizados na Bahia. Desses, dois seguranças acabaram mortos em decorrência dos crimes.

Tiroteio: veja vídeo do assalto a carro-forte no Extra da Vasco da Gama

Uma das vítimas foi o vigilante Juarez Santos de Oliveira, de 44 anos, que foi baleado no dia 4 de setembro durante um assalto ao carro-forte em que trabalhava, no bairro de Amaralina. Funcionário da empresa Prosegur, ele chegou a ficar sete dias no Hospital Geral do Estado (HGE), mas veio a óbito no último dia 16.

Veja o vídeo da ação:

“Esses assaltos vitimaram diretamente 68 profissionais. Desses, infelizmente perdemos dois, ou seja, restaram 66 que estão traumatizados. Uns pedindo que a empresa demita, outros com medo de sair de dentro de casa e até com problemas psicológicos justamente por conta do receio e medo de trabalhar. No primeiro instante eles recebem um acompanhamento psicológico, mas dias depois eles são liberados para trabalhar”, disse o presidente do sindicato da categoria que conta com cerca de 2 mil profissionais no estado. 

Na capital baiana, a maioria dos assaltos aconteceu momentos após os vigilantes recolherem os valores de caixas eletrônicos instalados em estabelecimentos comerciais. Segundo Gilberto, a distância em que o carro-forte fica estacionado facilita as ações criminosas. “Os ataques normalmente acontecem justamente por causa da distância do veículo para os terminais eletrônicos. Então os marginais aproveitam a caminhada do fiel com o malote para atacar”, explicou o dirigente em entrevista ao BNews. Para ele, a escolta policial contribuiria para a diminuição dos casos.

“O que a categoria cobra é a questão da segurança. Já temos uma deficiência muito grande porque não podemos contar com a presença da polícia. No caso do assalto no supermercado em Amaralina, por exemplo, a Companhia da Polícia fica a pouco mais de 100 metros do local onde tudo aconteceu”, ressaltou.

Vídeo: bandidos explodem empresa de valores e deixam um vigilante morto em Eunápolis

Diante do aumento dos ataques, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e a Associação Brasileira de Transporte de Valores (ABTV) criaram um grupo para troca de informações entre o operacional da entidade e as forças de segurança do estado. No entanto, para o presidente do SindFort, a medida adotada ainda não refletiu resultados. 

“Depois da criação dessa comissão, já tivemos três casos de assaltos em Salvador e a outra coisa que nos surpreende, é que a categoria de vigilantes é coordenada pelo Ministério da Justiça. Quando acontece algum caso de assalto, nós denunciamos e a informação que a gente recebe é que não tem um contingente de policiais necessário para acompanhar os carros de valores. São muitas denúncias que só ficam no papel”, lamentou.

A reportagem entrou em contato com o Ministério Justiça, mas não obteve os questionamentos respondidos até a publicação desta nota.

Monitoramento dos carros-fortes

A polícia passará a ter acesso ao roteiro dos veículos de valores, após a série de assaltos aos veículos de valores na Bahia. A nova medida foi umas das decisões acertadas na quarta-feira (3), durante reunião entre a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e representantes de empresas de transporte de valores que atuam no estado. 

De acordo com a SSP-BA, a disponibilização das rotas, perfil e quantidade de valores transportados, entre outras informações, são consideradas fatores importantes para ajudar no estabelecimento de ações preventivas e repressivas no combate a quadrilhas especializadas em roubo de valores.

Ainda na reunião, o uso da tecnologia também foi destacado como forma de prevenção. As imagens das bases de onde partem os carros de transporte de valores passarão a ser compartilhadas com a SSP-BA.

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