Polícia

Jovem torturada por ex-companheiro conta sobre ameaças e ciclo de violência; assista

Carlos Alberto/ BNews
Bnews - Divulgação Carlos Alberto/ BNews

Publicado em 10/05/2019, às 19h49   Yasmim Barreto


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O pesadelo da jovem de 18 anos, Deisiane Souza Cerqueira, que ficou em cárcere privado, foi torturada e obrigada a ter relações sexuais com o seu agressor, não acabou mesmo após a prisão preventiva do tatuador Marcos Alexandre da Silva, 25 anos. Ao BNews, a vítima relatou sobre as ameaças que tem sofrido através de pessoas ligadas ao ex-companheiro. ‘’Uma pessoa me seguiu até minha casa e, no meio do caminho, quando eu estava saindo do psicólogo fui ameaçada por esse rapaz’’. 

Ainda conforme Deise, o homem que a seguiu disse que teria um recado de Marcos e que a estava vigiando: ‘’pegou e falou ‘olha, eu tenho um recado de Marcos para você. Não pense que você está andando de boa em Camaçari, porque eu estou lhe vigiando’ então eu fiquei muito assustada, imediatamente eu fui na DEAM (Delegacia de Atendimento Especial à Mulher) e fiz a denúncia’’. 

À reportagem, a advogada de Deisiane, Monalisa Freitas, relembrou o dia em que a jovem foi ameaçada. ‘’Inclusive foi um dia que ela desapareceu, ninguém conseguia encontra-la, eu tinha marcado com ela no Fórum para ver as questões sobre o processo dela. Quando nos encontramos, Deise falou que estava muito nervosa, porque tinha encontrado uma pessoa na rua e essa pessoa tinha ameaçado, disse que tinha um recado dele’’.

Por causa disso, a vítima, que tenta driblar os resquícios físico e mental deixados pelos seis meses de violência sofrida pelo tatuador Marcos, teve a sua rotina tomada pelo medo novamente. ‘’A partir daí, a gente ficou com um pouco mais de medo. Ela registrou um boletim de ocorrência por ameaça e nós vamos na delegacia para ver o que pode fazer, mas as recomendações são que ela fique dentro de casa’’, contou Monalisa Freitas. 

Além disso, a advogada reitera: ‘’ela ia começar a estudar na semana passada, já não vai poder mais, a gente está sempre preocupada com ela’’. Além disso, Monalisa afirmou que Deise retornou, nesta sexta-feira (10), para a Casa Abrigo onde ficará com mais segurança. 

Audiência – Após cerca de 15 dias da denúncia, Marcos Alexandre se entregou à polícia de Camaçari, onde está detido provisoriamente até a primeira audiência que vai acontecer no dia 16 de junho, explicou a advogada da vítima. ‘’Ainda não tenho detalhes dos crimes que ele está respondendo, eu me habilitei, mas ainda não tive acesso aos autos do processo, mas essa audiência é mais para ouvir ela e ouvir ele. Ele tem dois advogados, salve engano, e ele se entregou então praticamente confessou o crime, mas ele vai ser ouvido’’. 

O caso – A estudante de 18 anos, Deisiane Souza Cerqueira denunciou, no dia 19 de março, a violência que sofreu com o ex-companheiro, o tatuador Marcos Alexandre. Segundo a jovem, durante as agressões ele chegou a utilizar cola para fechar uma ferida que abriu no olho, após ter desferido um soco em Deise.  

Ao BNews, Deise contou que Marcos foi morar com ela e com a mãe, no entanto, após dois meses de relacionamento, a mãe da vítima saiu da residência e os dois ficaram morando sozinhos. A estudante relatou que o ciclo da violência iniciou nesse momento e Marcos começou a apresentar comportamentos agressivos. 

‘’No dia seguinte que minha mãe se mudou, ele pegou e me trancou dentro de casa e começou as torturas do nada na cabeça dele, não sabia o motivo de estar fazendo isso, até hoje eu quero saber o porquê que ele me escolheu para fazer isso, porque foi do nada, de repente ele começou a fazer tudo isso comigo’’, relatou Deise.  

Dentre as agressões, a jovem relembrou que Marcos apagava bituca de cigarro entre os seios dela e no pescoço, quebrou uma cadeira nas costas de Deise, a deixava amarrada quando saía de casa, além de obriga-la a ter relações sexuais com ele. 

A vítima, que se comunicava minimamente com os familiares, lembra que o tatuador mentia para os avós, a mãe e o pai de Deise, que ela estaria em Salvador cuidando da avó dele, que supostamente estaria doente. Nos escassos contatos com a família, Marcos estava sempre próximo à mulher para garantir que ela continuaria com a mentira. ‘’Ele me botava no telefone para eu falar com minha mãe e ficava do lado segurando um pedaço de madeira, uma faca para eu não contar nada, para eu mentir’’. Ainda completou: ‘’Minha mãe confiava totalmente nele e eu também’’. 

O resgate – Após seis meses de sofrimento, a estudante foi surpreendida ao ouvir a voz do pai, Robson Cerqueira Santos, 43 anos, que foi até a casa da filha com a ex-mulher, a mãe de Deise. A vítima contou que foi o dia com mais agressões: ‘’Foi o pior dia, o dia que eu mais apanhei, que eu mais sofri abusos e aí eu já estava sem esperança, até do nada eu ouvir uma voz me chamando’’, relembrou. Além disso, ela relatou que foi a primeira vez que viu o pai chorar.  

Após o resgate, Deisiane realizou o Boletim de Ocorrência (B.O) na DEAM de Camaçari, conseguiu a medida protetiva e Marcos se entregou a polícia. Tenho a medida protetiva desde o dia que eu fui dar a denúncia dele na DEAM.

Assista a reportagem: 

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