Polícia

Bolsonaro diz que senador tinha 'prestígio' e 'carinho', mas que dinheiro na cueca não tem a ver com governo

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Ele afirmou que lamenta trabalhar "que nem um desgraçado" e "idiotas" o acusarem de corrupção  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Facebook

Publicado em 15/10/2020, às 20h59   Folhapress


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Em um esforço para se dissociar de seu aliado flagrado com dinheiro entre as nádegas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (15) lamentar trabalhar "que nem um desgraçado" e "idiotas" o acusarem de corrupção.

O presidente usou parte de sua live -cerca de dez minutos menor que de costume- para argumentar que o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder de seu governo até a manhã desta quinta, não faz parte de seu governo, embora tenha definido o parlamentar como "uma pessoa que gozava do prestígio, do carinho de quase todos".

O episódio acontece uma semana após Bolsonaro dizer que acabou com a Lava Jato por não haver corrupção em sua administração. Na quarta-feira (14), horas antes do episódio do dinheiro oculto, o presidente havia dito que daria "uma voadora no pescoço" de quem praticasse corrupção em seu governo.

"Ninguém falou [que não há corrupção] no Brasil, falei no meu governo. Os ministros", disse o presidente limitando o escopo de sua gestão. "Quando eu falo não tem corrupção no governo, repito, não tem. O que é o governo? São os ministros."

Bolsonaro lamentou que tudo que acontece no país é creditado em sua conta. "O que dói é você trabalhar que nem um desgraçado e uns idiotas aí te acusarem de corrupção", disse o presidente antes de reiterar que seu governo "está indo bem" e que, nele, "não tem corrupção".

Ele aproveitou a transmissão ao lado dos ministros André Mendonça (Justiça) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União) para argumentar que a operação que atingiu um aliado é exemplo de que não há tentativa de interferência na Polícia Federal.

"Considero aquilo uma denunciação caluniosa", afirmou, referindo-se a denúncia feita por Sergio Moro, seu ex-ministro da Justiça. Pouco tempo depois, ao comentar o caso do líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) André de Oliveira Macedo, o André do Rap, Bolsonaro elogiou Moro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu desafeto, pela iniciativa de separar líderes da facção criminosa que estão presos.

Na live, Bolsonaro também comentou a sessão que manteve a revogação do habeas corpus concedido ao chefe do PCC. Por ordem do ministro Marco Aurélio Mello no início do mês, Macedo foi solto no dia 10 e está foragido desde então. Ao final, o placar foi 9 a 1. "Eu jamais botaria em liberdade um elemento como este", afirmou.

Pouco antes, a apoiadores, Bolsonaro também falou sobre o assunto. "Tudo botam na minha conta. O ministro entendeu que, de acordo com aquela lei, ele devia ser posto em liberdade. Agora à tarde, nove ministros entenderam exatamente o contrário. E daí? A interpretação de qualquer coisa é da cabeça de cada um. Agora, me culpar por aquilo é de uma falta de caráter imenso", disse Bolsonaro.

O presidente foi envolvido na discussão por não ter vetado no pacote anticrime usado para soltar o traficante. A mudança no artigo 316 do Código de Processo Penal (CPP) foi sancionado sem o apoio de Moro, ministro da Justiça à época.

"Não posso sempre dizer não ao Parlamento, pois estaria fechando as portas para qualquer entendimento", disse Bolsonaro em uma publicação em rede social após sancionar o pacote anticrime.

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