Polícia

Motorista de aplicativo é alvo de injúria racial por passageira e filma ataque; veja vídeo

Reprodução/vídeo
De acordo com condutor, ação criminosa aconteceu após ele se recusar a fazer uma manobra irregular no trânsito  |   Bnews - Divulgação Reprodução/vídeo

Publicado em 07/07/2021, às 18h08   Léo Sousa


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Um motorista de aplicativo foi alvo de injúria racial por uma passageira, na tarde de terça-feira (6), durante uma corrida em Salvador. De acordo com a vítima, os ataques aconteceram após ele se recusar a fazer uma manobra irregular no trânsito.

A ação criminosa foi gravada pelo condutor. À Record TV Itapoan, o trabalhador identificado com Noelson contou que iniciou a corrida no Shopping da Bahia, na região do Caminho das Árvores, com destino ao Salvador Shopping.

"Ela pediu que eu descesse a calçada, fizesse uma 'roubadinha' e eu me recusei. Eu disse que era um crime de trânsito, que poderia provocar um acidente: 'não, senhora, tenho que fazer a volta'", relata.

"Ela começou a me ofender. Eu disse 'a senhora solicita outro veículo'. Ela começou a me ofender e vieram aquelas palavras", prosseguiu. 

No vídeo, a senhora, acompanhada de um menino, chama o condutor de "desgraçado preto". "Por isso que tá trabalhando de Uber. Filho da p***. Por isso que tá na merda. Desgraçado preto", diz a mulher.

O trabalhador conta que, após a passageira deixar o veículo, foi à 35º Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Iguatemi), na região. Uma guarnição tentou localizar a mulher, mas não conseguiu. Ele prestou queixa.

"Em 33 anos eu nunca tinha passado por isso [...] A gente vê passando na televisão, noticiários, mas nunca acha que vai acontecer com a gente. Na cidade mais negra fora da África, no século 21, com 33 anos, nunca me passou acontecer isso aí", desabafou a vítima.

"Pra mim, do jeito que ela agiu, é normal pra ela. Como se ela já viesse fazendo aquilo há muito tempo [...] Eu estava trabalhando, saio todo dia e não sei se eu volto. Fica aquela coisa. Não consegui dormir direito, não consegui comer direito", acrescenta. O homem relatou que também tem tido dificuldade para conseguir dirigir. 

O advogado de Noelson, Marcus Rodrigues, explica que o crime de injúria racial, previsto no Código Penal brasileiro, é considerado, desde 2018, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), imprescritível e inafiançável. "Se tivesse passando uma viatura, ela poderia ser presa em flagrante", afirma.

Procurada pela reportagem, a Polícia Civil afirmou que "a 16ª Delegacia Territorial da Pituba investiga um caso de racismo sofrido por um motorista de aplicativo, na tarde desta terça-feira (6), na região do Shopping Salvador. Conforme o relato da vítima, uma mulher pediu que ele cometesse uma infração de trânsito, na recusa, passou a proferir ataques racistas contra ele. Será solicitado o nome da usuária à plataforma do aplicativo"

Em nota, a Uber afirmou que "possui uma política de tolerância zero a qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo". Afirma, ainda, que a conta que pediu a viagem foi desativada da plataforma após a denúncia 

"Sabemos que o preconceito, infelizmente, permeia a nossa sociedade e que cabe a todos nós combatê-lo. Como parte desses esforços, a Uber lançou, por exemplo, o podcast Fala Parceiro de Respeito <https://www.uber.com/pt-BR/newsroom/uber-lanca-podcast-para-motoristas-sobre-racismo-e-lgbtqiafobia/> , em parceria com a Promundo, com conteúdos educativos sobre racismo. Além disso, em parceria com as advogadas da deFEMde <https://www.facebook.com/deFEMde/?ref=page_internal> , a empresa revisou o processo de atendimento na plataforma, a fim de facilitar as denúncias de racismo e acolher melhor o relato da vítima. Recentemente, a Uber também lançou uma campanha <https://www.uber.com/pt-BR/newsroom/educacao-antirracista/>  que convida usuários e motoristas parceiros para serem aliados no combate ao racismo. A iniciativa tem o objetivo de promover um conteúdo educativo dentro do próprio aplicativo e é parte de um compromisso global <https://www.uber.com/pt-BR/newsroom/sendo-uma-empresa-antirracista/>  assumido pela empresa no ano passado com o objetivo de combater o racismo e criar produtos igualitários por meio da tecnologia", finalizou.

Veja vídeo:

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