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Na Bahia, 18 famílias encontram parentes por meio de testes de DNA feitos em ossadas

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Dados são comparados em um banco de dados nacional  |   Bnews - Divulgação Divulgação/ DPT

Publicado em 26/08/2021, às 13h20   Nilson Marinho


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Na Bahia, nos últimos dois meses, 18 famílias que procuravam pelos seus parentes desaparecidos tiveram seus casos solucionados por meio da comparação de dados genéticos feita pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). Os desaparecidos estavam mortos e suas ossadas em Institutos Médicos Legais da Bahia e de outros estados do Brasil.

O trabalho de comparação de informações genéticas de parentes e desaparecidos já era uma ferramenta usada pela polícia da Bahia para solucionar ocorrências dessa natureza, mas, em junho, o envio de informações para um banco de dados nacional facilitou esse processo. 

Em um dos casos solucionados, a família procurava por seu parente há 30 anos. Os dados genéticos de 50 famílias da Bahia já foram coletados e enviados para a plataforma.

“É um trabalho que já é realizado há anos, a grande novidade é que, de dois meses para cá,  a gente tem um banco de perfil genético trabalhando nacionalmente para fazer o confronto [de DNA] mais generalizado e automático”, explica Luis Rogério Machado, perito criminal do DPT.

Local onde as famílias passam por entrevistas e coletas de DNA (Foto: Alberto Maraux/SSP-BA)

“[...] Isso facilita a identificação de corpos e restos mortais que não têm como ser identificados, como por exemplo, um familiar da Bahia que reclama do desaparecimento do seu parente. Se ele morrer em outro estado, dificilmente a família encontraria sem a ajuda dessa ferramenta”, acrescenta. 

Além do confronto de DNA, há outras técnicas que ajudam a polícia a finalizar as ocorrências, como a coleta de digitais e identificação por arcada dentária. Não são todos os casos que são direcionados para o setor de Antropologia Forense do IML, onde é realizada a coleta de DNA, isso depende da decisão dos investigadores.

“Antes disso, o familiar precisa ir à Polícia Civil fazer o boletim de ocorrência para passar por uma triagem. Às vezes, muitos casos não são de desaparecimento, são de fuga. Quando a família é direcionada para o IML para uma entrevista de similaridade, aspectos como altura, idade, marcas ou tratamento dentário são coletados. Não identificando dessa forma, chegamos ao DNA”, lembra Machado.

Perfil e ajuda

Na Bahia, só no primeiro semestre deste ano, foram registradas 799 ocorrências de pessoas desaparecidas, de acordo com dados da Polícia Civil. 

A titular do Departamento de Proteção à Pessoa, delegada Jussara Maria Andrade, explica que não há um perfil de pessoa que mais desaparece no estado. As idades dos desaparecidos são variados e motivos dos desaparecimentos muitos.

A delegada lembra também que assim que a família notar um comportamento diferente ou alteração na rotina do familiar é preciso procurar à delegacia. Ressalta ainda que, após a perda de contato com o ente, não é preciso esperar mais de 24 horas para registrar um boletim de ocorrência.

 Titular do Departamento de Proteção à Pessoa, delegada Jussara Maria Andrade (Foto: Nilson Marinho/Bnews)

“Sentiu qualquer diferença? Seja pai, filho ou avó, procure de imediato a delegacia porque só assim temos chances de fazer esse reencontro ter mais êxito. Quando os familiares demoram [para registrar o caso], nós podemos estar perdendo informações importantes como uma imagem [ de câmera de segurança], que pode captar o momento em que a vítima sai ou entra em um carro, por exemplo”, explica a delegada. 

“O perfil dos desaparecidos é variado, assim como a motivação. Antes, tínhamos um perfil e motivação quase que certa, como conflito familiar e transtornos psicológicos. Hoje, temos de tudo um pouco, como casos de jovens adultos envolvidos com o tráfico de drogas, assim como jovens envolvidas com homens na internet”, completa. 

Atendimento

Nesta quinta-feira (26), em frente à sede da Polícia Civil, na Praça da Piedade, Centro de Salvador, um ônibus do órgão está estacionado para dar suporte às famílias de pessoas que possuem entes desaparecidos.

Além do levantamento de informações sobre novos casos, está sendo feita a coleta de material genético para a comparação com as ossadas de mortos sem identificação que estão em IMLs de todo o Brasil. O veículo ficará no local das 8h às 17h desta quinta, sexta (27) e na próxima segunda (30).

Tem alguma informação?

A Delgacia de Proteção à Pessoa (DPP) atende 24 horas por dia, todos os dias da semana pelos telefones (71) 3116-0000 ou (71) 3116-0357. Para dar qualquer informação referente a algum caso é preciso ligar para os números acima o Disque Denúncia através dos telefones (71) 3235-0000 ou 181 (interior da Bahia).

Informações também podem ser compartilhadas no perfil do DPP no Instagram @desaparecidospcba. Além desta ferramenta, a delegacia conta também conta com uma página no Facebook e o aplicativo WhatsApp. Por meio do número 71 99631-6538, o cidadão pode tirar dúvidas e enviar fotos de desaparecidos.

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