Polícia

Marca de grife criou código para alertar entrada de negros em loja, afirma Polícia Civil

Divulgação/Shopping Iguatemi
Suposta estratégia, de acordo com a investigação, tinha objetivo de manter funcionários atentos   |   Bnews - Divulgação Divulgação/Shopping Iguatemi

Publicado em 20/10/2021, às 15h58   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

A Polícia Civil do Ceará concluiu, durante uma investigação, que a loja Zara, do Shopping Iguatemi, em Fortaleza, criou uma espécie de “código secreto” para sinalizar a presença de negros no estabelecimento. As informações são do UOL. A suposta estratégia, de acordo com a polícia, tinha ainda o objetivo de manter funcionários atentos para acompanhar pessoas com “roupas simples" que entrassem na loja.

O sistema de som da loja era quem emitia o "alerta" por meio do código "Zara Zerou". Segundo ex-funcionários da franquia, os trabalhadores recebiam orientações para identificar essas pessoas negras e com estereótipos fora do que seria o “padrão da loja”. O público que não aparentasse estar dentro do “nível” do local era tratado como nocivo e deveria ser acompanhado dentro das dependências da Zara. 

Conforme apontado delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira, o procedimento era “absurdo" e "inaceitável”. “Esse tipo de tratamento da Zara já foi registrado diversas vezes, não só aqui no Brasil, inclusive fora do país, com pagamento de indenização”, afirmou. 

A delegada Arlete Silveira, diretora do Departamento de Defesa de Grupos Vulneráveis, detalhou como o alerta era feito. “Ele orienta para que exista uma abordagem dentro da loja quando chega alguém 'diferente', digamos assim, sem o perfil do consumidor da Zara. É como se aquela pessoa deixasse de ser uma consumidora e se tornasse suspeita", informou ao UOL.

A Polícia Civil do Ceará chegou a mais detalhes da discriminação do estabelecimento contra determinados clientes após investigarem o caso envolvendo uma delegada negra que teve sua entrada barrada em uma loja Zara, no último dia 14 de setembro. Na ocasião, Ana Paula Barroso, que chegou a prestar um Boletim de Ocorrência (BO) sobre o caso, recebeu a justificativa de que seu acesso foi impedido por uma "questão de segurança".

Integrantes do movimento negro acionaram a rede de lojas Zara na Justiça do Ceará, pedindo cerca de R$ 40 milhões de indenização por dano moral coletivo. As investigações do caso seguem em andamento após mais uma denúncia feita contra a loja por outra cliente.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp