Polícia

'Baiano bom é baiano morto': a rotina de humilhações de trabalhadores em condição análoga à escravidão no Sul

Foto: Divulgação/PRF
Trabalhadores em condição análoga à escravidão deram depoimentos para o Ministério do Trabalho e Emprego  |   Bnews - Divulgação Foto: Divulgação/PRF

Publicado em 04/03/2023, às 10h42   Cadastrado por Vinícius Dias


FacebookTwitterWhatsApp

Trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves, no Rio Grande Sul, deram depoimentos ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) relatando a situação humilhante a que eram submetidos.

Foram resgatados 207 trabalhadores contratados por uma empresa para prestar serviços para vinícolas gaúchas durante a colheita da uva. A situação foi exposta após três trabalhadores fugirem de um alojamento em que eram presos e procurarem a política.

As vítimas eram sujeitas a situações de agressão com choques elétricos e spray de pimenta, cárcere privado e agiotagem. Trabalhadores baianos sofriam mais do que nativos do sul do país e ouviam ofensas xenófobas como "baiano bom é baiano morto".

Eles eram cordados aos gritos de "acorda, demônio, vai trabalhar", entre 4h30 e 5h, de domingo a sexta-feira, por funcionários da pousada em que ficavam. Também eram chamados de "demônio" com frequência por funcionários armados encarregados de vigiá-los.

A jornada de trabalho, na prática, era de 15 horas diárias, com intervalo de uma hora para almoço. Os relatos apontam que a comida era fria e azedava porque era levada de manhã por um funcionário e mantida sem refrigeração.

Sem receber o salário de R$ 2 mil mensais combinados, pegavam adiantamentos com o dono da pousada, Fabio Daros, que lhes cobrava, segundos os depoimentos, juros de 50%. Assim, a antecipação de R$ 100 resultava em dívida de R$ 150, por exemplo, o que configura agiotagem. Um dos trabalhadores relatou dívida de R$ 1.950 com Daros.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp