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BNews 10 anos: os fatos marcantes da cobertura policial ao longo de uma década 

Montagem BNews
Entre as notícias marcantes estão ocupação do morro do alemão no RJ, greve da PM na Bahia e a chacina no bairro do Cabula, em Salvador    |   Bnews - Divulgação Montagem BNews

Publicado em 21/09/2020, às 05h00   Redação BNews


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O site BNews, antigo Bocão News, nasceu há 10 anos quando a cobertura do jornalismo policial, especialmente na televisão, tinha um forte apelo para mostrar sem pudor a realidade nas comunidades de Salvador. Na plataforma online não foi diferente e o site se destacou ne cobertura policial. 

A editoria se tornou um pilar e uma marca na trajetória do BNews, já que o canal de comunicação virou um símbolo no “atendimento” a diversas denúncias dos leitores, devido à agilidade e atenção das demandas. 

Nesses quase quatro mil dias de existência, um dos crimes mais noticiados na cobertura policial é conta diária de homicídios em toda a Bahia. Entre 2010 e 2019, 54.856 pessoas foram vítimas de assassinato no estado, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). 

Desde que nasceu, o BNews mostrou diariamente casos de sequestros, roubos, o trabalho árduo dos órgãos policiais no combate ao crime, dentre outros delitos em Salvador, interior da Bahia e no Brasil que chocaram e trouxeram comoção aos leitores. Relembre: 

2010

Eliza Samúdio e Goleiro Bruno 

Um crime premeditado acabou com a vida da estudante e modelo, Eliza Samudio, ex amante e mãe de um dos filhos do goleiro Bruno. O crime aconteceu em junho de 2010 e chamou a atenção de todo o país, na época o atleta jogava pelo Flamengo e foi preso um mês depois do homicídio. Ele teria arquitetado o crime, com a participação de mais oito pessoas, por não querer assumir a paternidade da criança que Eliza teve e que alegava ser dele.  

Em 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão por homicídio triplamente qualificado e sequestro e cárcere privado. Em fevereiro de 2017, após seis anos e sete meses preso, ele conseguiu habeas corpus por uma liminar deferida pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello e já chegou a assinar com alguns clubes. 

Ainda em 2010, aconteceu uma das maiores operações militares no combate ao tráfico que ficou conhecida como "ocupação do Alemão". Mais de 600 homens guerrearam com traficantes para invadir a localidade e trazer um clima pacificador para a comunidade, nessa estratégia foram apreendidas mais de 10 mil toneladas de maconha e colocou cerca de 200 suspeitos para fugir em bando das forças policiais. 

2011

Juíza Patrícia Acioli morta pela milícia 

Conhecida pela atuação na 4º Vara Criminal de São Gonçalo no Rio de Janeiro contra a violência cometida por policiais militares, Patrícia Lourival Acioli foi assassinada com 21 tiros na porta da sua casa em agosto de 2011. Meses depois, o mandante do crime, um ex-tenente identificado como Claudio Luiz Oliveira, 45, foi preso e condenado em 2013 para cumprir 36 anos de prisão. Ele comandava um batalhão que estava sendo investigado pela vítima por excessos nas abordagens policiais. Além dele, mais nove policiais e um oficial foram condenados pelo crime, todos foram exonerados e estão presos. 

Kelly Cyclone assassinada 

Considerada um fenômeno e patroa do tráfico, Kelly Sales Silva, conhecida como Kelly Cyclone, foi assassinada quando voltava do Salvador Fest no dia 18 de julho. Antes de ser alvejada por tiros, facada e espancamento naquela data, Kelly se envolveu em diversas polêmicas como a Festa do Pó e fotos em redes sociais com armas e dinheiro do namorado envolvido com tráfico, que a levaram aos holofotes baianos e também era cotado para o cargo de vereadora de Salvador. 

Na época, as investigações apontavam para um crime passional, três ex-namorados poderiam estar envolvidos por desavenças passionais e para eliminar qualquer chance de vazamento de informações de traficantes. Um morreu em confronto com a Polícia Militar meses depois e outros dois foram absolvidos pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), pela ausência de provas suficientes. Um quarto homem também era tido como principal suspeito, o filho de um ex-policial, por estar com ela no dia do crime, mas foi descartado. 

O enterro de Kelly Cyclone foi acompanhado na época, por uma equipe do BNews, e uma multidão compareceu para dar o último adeus. Assista 

2012 

Greve da Polícia Militar 


Às vésperas do carnaval daquele ano, a Polícia Militar da Bahia deflagrou a greve, e os policiais chegaram a ocupar pacificamente a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), após não serem atendidos pelo então governador, Jacques Wagner (PT). Eles reivindicavam o pagamento imediato da Gratificação de Atividade Policial (GAP V), auxílios, cumprimento da lei da anistia, entre outros pleitos.

No período de 13 dias, foram cometidos 172 homicídios em Salvador e na Região Metropolitana (RMS) e o governo do Estado teve que apelar à Força Nacional de Segurança com o objetivo de frear a onda de violência instaurada no estado. Com a presença dos militares, o movimento grevista começou a enfraquecer, primeiro no interior do estado, depois na capital.

No dia 12 de janeiro, a decisão oficial de retomar as atividades foi tomada durante assembleia da categoria. 

2013 

Policiais morrem após teste de aptidão para batalhão 

Um caso cercado de mistério assombrou a corporação da Polícia Militar neste ano. Policiais militares de diversas companhias e batalhões participavam de uma pré-seleção para entrar no curso de “Caveiras” da Polícia Militar, a tropa de elite da Bahia, quando quatro policiais sofreram uma exaustão durante a corrida de 10km com coturno, rota que faz parte do Teste de Aptidão Física (TAF) para o COPES. Na época o curso chegou a ser suspenso. 

2014 

Caso Geovane 

Conhecido como o Caso Geovane, a morte de Geovane Mascarenhas de Santana, 22 anos, ganhou repercussão nacional e documentário internacional, após uma imagem feita por uma câmera de segurança mostrar a vítima sendo abordado por três policiais militares no bairro da Calçada, na Cidade Baixa de Salvador. Após a ação policial das Rondas Especiais (Rondesp), Geovane não foi mais visto com vida

2015 

'Chacina do Cabula'

Cinco anos se passaram e a ação policial que resultou na morte de 12 jovens negros com idades entre 15 e 28 anos, na localidade Vila Moisés, em Salvador, segue sem um desfecho. O caso ganhou mobilização nacional. 

2016 

Homicídio por R$ 15,00 

Quanto vale uma vida? A de Ingrid Lima dos Santos, 15 anos, que foi assassinada a golpes de faca no bairro de Jardim Cajazeiras, em Salvador, foi finalizada por R$ 15. A principal suspeita tinha ido cobrar esse valor à mãe de Ingrid, e, durante uma discussão, a acusada teria esfaqueando Ingrid que tomou a frente para proteger sua mãe. Na época, a defesa da suspeita alegou legítima defesa e em entrevistas ela afirmou que estava se defendendo da mãe da Ingrid.  

Dois anos depois, a suspeita foi condenada através de júri popular por homicídio por privilegiado [quando o crime é impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção] e responderá em liberdade, pois, segundo a Justiça, é ré primária, tem moradia fixa e possui boa conduta. 

Valdir Cabeleireiro 

Executado por metralhadoras enquanto trabalhava em seu salão na Avenida Vasco da Gama, em Salvador, Valdir Macário, conhecido como Valdir Cabeleireiro, perdeu a vida por auxiliar o irmão a se encontrar com uma mulher casada com um suspeito envolvido com tráfico de drogas. O caso teve bastante apelo popular, já que Valdir era muito conhecido na localidade pelo seu trabalho. 

Os suspeitos do homicídio foram apresentados três meses depois à sociedade. Um deles se mostrou arrependido pelo crime e confirmou a motivação passional

2017 

Sub-tenente tira a vida após matar esposa e filho 

Embora a perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT) tenha concluído que se tratou de um duplo homicídio seguido de suicídio, ainda é um mistério para familiares e amigos o porquê do subtenente da Polícia Militar, Claudio Guimarães assassinar a esposa e o filho de 12 anos e em seguida se matou dentro do apartamento da família, no bairro da Pituba, em Salvador. 

O crime aconteceu na madrugada, ele atirou três vezes na criança e companheira e depois atirou na própria cabeça. A arma do crime foi encontrada na mão dele, uma .40. Os vizinhos afirmaram ter ouvido os tiros, mas os corpos só foram encontrados pela manhã. 

Primeiro julgamento de feminicídio na Bahia 

Ironicamente, se o PM Claudio Guimarães estivesse vivo, responderia certamente por femicídio. No mesmo ano, dois meses após essa tragédia familiar, a Bahia julgou o primeiro caso de feminicídio no estado. O suspeito foi condenado a 20 anos e 9 meses de prisão, por desferir 15 golpes em sua companheira grávida – o bebê não resistiu. 

2018 

Mulher envenena esposa e filhas por interesse em homem 

O interesse pelo mesmo homem vitimou uma mãe e duas crianças no município de Maragogipe, recôncavo da Bahia. Adryane Ribeiro, 23 anos, foi morta após discutir com uma mulher que demonstrava interesse pelo seu marido. Como retaliação, a acusada teria envenenado além de Adryane, suas filhas Glecy Kelly Ribeiro dos Santos, 5 anos e Ruth Ribeiro da Silva, 1 ano. 

A acusada foi presa junto com seu companheiro que teria ajudado a arquitetar o crime, utilizando um inseticida agrícola misturado na comida para efetuar os homicídios. O homem já foi solto pela Justiça que não viu elementos suficientes para o cárcere. 

Moa do Katendê 

Ainda neste ano, o país viveu um momento de divisão acirrada nas eleições presidenciais. Mas, em Salvador, esse momento de diferenças resultou na morte do mestre de capoeira, Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como “Moa do Katendê”, após uma discussão sobre política em um bar. 

Na época, o inquérito policial concluiu que o caso realmente se tratou de um homicídio após um desentendimento de visões ideológicas na política. O autor confesso foi preso em flagrante um dia após o homicídio. Ele deu 12 facadas na vítima e foi condenado um ano depois a 22 anos de reclusão pelo crime. 

2019  

Chacina dos motoristas por aplicativo 

A brutalidade com que Alisson Silva Damascena dos Santos, 27 anos, Sávio da Silva Dias, 23 anos, Daniel Santos da Silva, 30 anos, e Genivaldo da Silva Félix, 48, foram assassinados será sempre lembrado pela população, especialmente pela categoria de motoristas por aplicativo, já que todas as vítimas eram profissionais da área. 

O caso, que aconteceu no bairro da Mata Escura, em Salvador, teve repercussão nacional, pois o perigo que cerca a profissão é comum em todos os lugares do país. Uma quinta vítima conseguiu escapar e relatou toda a tortura feita antes da chacina. Mesmo ferido, ele lutou contra os bandidos e fugiu amordaçado por um matagal. A atitude ‘heróica’ dele, salvou, pelo menos, mais quatro vítimas, já que nas investigações e prisão dos envolvidos eles confessaram que a intenção era matar dez profissionais e roubar os carros.

Até o momento, não houve condenação, um acusado foi morto em confronto com a Polícia Militar, outro foi assassinado por rivais e outros três estão presos. De acordo com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), a sentença pode chegar a 215 anos

Classificação Indicativa: Livre

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