Polícia

Facção que atrai 'criminosos rejeitados' movimentou R$ 67 milhões com golpes telefônicos

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Além das fraudes, a organização também pratica tráfico de drogas dentro dos presídios  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 22/10/2024, às 06h38 - Atualizado às 07h00   Redação



A facção Povo de Israel (PVI), formada dentro dos presídios do Rio de Janeiro há cerca de 20 anos, conta hoje com 18 mil membros, representando 42% dos detentos no estado.

A reportagem acrescenta que o PVI tem crescido ao atrair presos rejeitados por outras facções, sendo conhecido por acolher indivíduos acusados de crimes como estupro e estelionato. As informações integram relatórios de inteligência da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), obtidos pelo jornal O Globo.

Segundo a reportagem, o grupo aplica golpes de falso sequestro e extorsão, superando facções como o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro em número de presos. Relatórios apontam que o PVI movimentou R$ 67 milhões com golpes telefônicos em dois anos, utilizando empresas para lavar o dinheiro.

Ainda de acordo com o jornal, além das fraudes, a organização também pratica tráfico de drogas dentro dos presídios, investindo os lucros das extorsões no envio de grandes quantidades de entorpecentes.

As autoridades descobriram 5.832 celulares, usados nos golpes, em unidades prisionais sob influência do PVI, que atua em 13 penitenciárias. Investigações revelaram a ligação do grupo com policiais penais que receberam subornos para facilitar suas atividades.

A reportagem informa também que o grupo faz ameaças a comerciantes e moradores em áreas dominadas por outras facções. As vítimas são forçadas a transferir dinheiro para contas de terceiros, que repassam os valores conforme ordens da chefia do grupo.

Segundo a polícia, o lucro dos golpes é dividido em quatro partes: 30% para o “empresário”, responsável pelo celular; 30% para o “ladrão”, executor do golpe; 30% para o “laranja”, que recebe o dinheiro; e o restante vai para o caixa comum do PVI.

A publicação detalha que o líder do grupo, Avelino Gonçalves Lima, foi condenado a 46 anos de prisão e é acusado de envolvimento em rebeliões e assassinatos dentro dos presídios. O nome da facção, Povo de Israel, está ligado a uma simbologia bíblica, diferenciando-se de outras organizações criminosas.

Em nota, a Seap destacou que as ações para combater as atividades ilícitas promovidas pelo grupo foram intensificadas. Eles estariam atuando nas unidades de presos de perfil tido como neutro.“A Secretaria acrescenta que, entre os servidores citados, dois deles já respondem a processos administrativos disciplinares (PAD) e um deles se encontra preso. Sobre o episódio envolvendo uma tentativa de ingressar no presídio Nelson Hungria com celulares em uma quentinha, foi verificado que a ação partiu exclusivamente dos servidores envolvidos, tendo sido descartada a participação da empresa fornecedora de alimentação para a unidade prisional”, explica a Seap.

Classificação Indicativa: Livre

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