Polícia

Gerente de restaurante denuncia turista por injúria racial no Pelourinho: “Preta desse jeito”

Foto: Reprodução/TV Bahia
Após realizar a denuncia por injúria racial, Adriana Santiago informa que não vai desistir de sua busca por justiça  |   Bnews - Divulgação Foto: Reprodução/TV Bahia

Publicado em 25/04/2023, às 14h29   Natane Ramos


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Adriana Santiago, gerente de um restaurante no Pelourinho, em Salvador, denunciou, por meio das redes sociais, ter sido vítima de injúria racial no local em que trabalha, por uma turista que havia visitado o restaurante.

O caso aconteceu no último domingo (23) e, de acordo com a gerente, a turista havia informado que ela não poderia exercer o cargo ocupado por ser preta. A denúncia foi levada para a 1ª Delegacia Territorial (DT), onde a vítima e os suspeitos foram ouvidos. Os turistas foram liberados pelo delegado, que declarou que não houve flagrante.

Segundo relato de Adriana, um casal de turistas cariocas pediu a presença dela para fazer uma reclamação sobre o azeite do restaurante. “Eu fui atender a solicitação deles e, após conversarmos, voltei ao caixa, porque era folga da funcionária no domingo”, iniciou a gerente com seu relato.

Ao sentar na cadeira do caixa, Adriana informou que a turista se levantou e foi falar com ela, quando teria cometido a injúria racial.  “Falou assim para mim: ‘Eu sabia que você tinha me enganado, que você não era gerente coisa nenhuma. Preta desse jeito você não poderia ser gerente, você teria que ser caixa mesmo”, declarou Adriana.

A gerente relatou que entrou em uma briga com a mulher após a fala preconceituosa, e decidiu procurar uma base da Polícia Militar, mas que o casal não gostou da sugestão de Adriana. “Eles não queriam ir no primeiro momento, porque disseram que ia estragar o passeio deles. A subtenente disse que íamos todos sermos conduzidos para a 1ª Delegacia, onde a gente prestou depoimento e foi todo mundo liberado”, comentou.

A Polícia Civil chegou a liberar uma nota informando que um inquérito policial foi instaurado para a avaliação do caso. O posicionamento do delegado deixou Adriana revoltada. “Eu não sei o porque dela ser liberada, desde quando é crime”, declarou a mulher.

A mulher informou que lembrar do caso ainda trazia muita dor, mas que mesmo assim não estaria desistindo pela busca da  justiça. “Eu não consigo nem falar muito, porque vem aquela imagem toda. É difícil para a gente, preto, passar por isso, pela religião e cor da pele”, refletiu a gerente.

“Isso tudo, às vezes no final das contas, não dá em nada. Eu vou até o fim, porque gente preta merece estar em qualquer lugar”, concluiu Adriana.

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