O valor de cada maquinário foi avaliado em cerca de US$ 900 mil ou aproximadamente R$ 4,5 milhões. Nicoletti foi apresentado aos empresários brasileiros, e logo as tratativas para o suposto financiamento começaram. O italiano afirmou que representava o fundo de investimento BlackRock, o maior do mundo.
Em reunião com as vítimas, o italiano ficou sabendo que seria necessário cerca de R$ 6 milhões para tirar o projeto do papel, mas, segundo Nicoletti, "dinheiro não seria problema". Ele ainda sugeriu a montagem de uma fábrica com várias das máquinas.
O italiano ganhou ainda mais a confiança dos empresários após garantir a intenção de compra de 200 máquinas pelo governador de Kinshasa, capital da República do Congo, na África. Nenhuma das transações, contudo, era verdadeira.
Para garantir que o dinheiro entrasse, o italiano apresentou uma série de exigências, como transferências de 50% das quotas e a administração das empresas. O suspeito também exigia a integralização de bens dos sócios na empresa a fim de garantir o financiamento internacional.
De acordo com depoimento das vítimas, Nicoletti criava conflito com alguns dos sócios e propunha um balanço patrimonial, onde apresentava os custos de suas viagens e negociações. Com isso, o italiano cobrava indenização por parte da empresa.
Na sequência, Nicoletti movia ação judicial para expulsão do sócio envolvido no conflito, ficando com a maioria das quotas enquanto não se resolvesse o litígio. Desta forma, o golpista buscava se apropriar dos bens transferidos para a empresa.
Mais tarde, os empresários descobriram que a carta de intenções do Fundo BlackRock era falsa. Na verdade, se tratava de uma empresa de compra e venda de veículos usados, criada na cidade espanhola de Marbella, em março de 2022, com o nome de Blackrock Assept.
O documento de auditoria, para fundamentar a garantia que Franco Nicoletti daria ao Fundo BlackRock também é falso. Na verdade foi feito na Espanha, e não tem valor legal.