Polícia

Mãe Bernadete: câmera quebrada que custa em média R$ 150 não foi trocada por 'escassez de recursos'

Reprodução/Conaq
Das sete câmeras que monitoram a casa de Mãe Bernadete, uma estava quebrada e duas filmavam o chão  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Conaq

Publicado em 13/09/2023, às 08h47 - Atualizado às 08h50   Nilson Marinho


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O responsável pelo programa encarregado de garantir a segurança da ialorixá e líder quilombola Mãe Bernadete, de 72 anos, reconheceu, em entrevista ao Uol, escassez de recursos para trocar pelo menos três câmeras com defeito que deveriam monitorar a residência onde ela foi morta na presença dos netos no último dia 17 de agosto, no quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Mãe Bernadete estava no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) na Bahia desde que seu filho, Binho do Quilombo, também foi executado em setembro de 2017. Das sete câmeras que monitoram a casa da ialorixá, uma estava quebrada e duas filmavam o chão no dia do crime. O custo médio para a troca de um equipamento é de R$ 150, enquanto o orçamento total do programa é de R$ 1 milhão.

Wagner Moreira, coordenador da Ideas, entidade privada que gere o programa de proteção na Bahia, reconheceu ao Uol que foi uma falha as três câmeras não estarem funcionando, mas ressaltou que parte desse erro se deve também ao “pouco recurso disponível para esse tipo de estratégia de segurança”.

O coordenador da Ideas afirmou também que havia sido notificado sobre os defeitos nas câmeras, mas que o programa priorizou a instalação de equipamentos de monitoramento em outro território quilombola que também estava sob ameaça.

Ainda segundo Moreira, a ONG recebe dos governos federal e estadual R$ 1 milhão por ano para gerenciar o programa de proteção. Desse total, apenas R$ 10,1 mil podem ser usados para compra de equipamentos de segurança.

Três homens foram presos na Bahia pelo envolvimento na morte da líder quilombola. O anúncio das prisões foi feito pelo secretário Marcelo Werner, no último dia 4 de setembro, durante uma coletiva de imprensa. Um dos presos teria confessado ser o executor do crime e informou às autoridades a motivação, que foi divulgada pela Polícia Civil.

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