Salvador

Alunos trocam mensagens racistas e colégio particular de Salvador é acusado de omissão

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Mensagens foram escritas por alunos do 1º ano da Escola SEB Sartre, no bairro do Itaigara  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Redes sociais

Publicado em 09/11/2021, às 19h53   Redação BNews


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“Pretos morram”, “Pode macaco no ‘gp’?” e “Baniram piada de negros, porém não sabem que os negros já são a piada”. Essas são algumas frases escritas por pelo menos sete estudantes do 1º ano da Escola SEB Sartre, no bairro do Itaigara, em Salvador, de acordo com o Correio. O diálogo de cunho racista e ódio à comunidade negra veio à tona após o vazamento de conversas entre os alunos em grupos de troca de mensagens virtuais. Desde então, a instituição de ensino vem sendo acusada de omissão por pais e estudantes, que cobram um posicionamento da unidade. 

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De acordo com um aluno da SEB Sartre, ao Correio, a direção da escola chegou a ser comunicada sobre o caso, mas teria agido de forma negligente diante da situação. Ao passar em uma sala de aula, uma coordenadora da unidade teria pedido para que o assunto não se transformasse em “opressão”, a fim, entretanto, de poupar os autores das mensagens de possíveis “constrangimentos”, conforme aponta o estudante, que preferiu não se identificar. 

Uma ex-aluna da rede Sartre e irmã de um dos estudantes negros da escola utilizou seu perfil em uma rede social para desabafar o seu sentimento em meio ao ocorrido. “Bom mesmo (rs) é acordar num sábado e descobrir que seu irmão, um jovem negro (assim como outros diversos alunos), principal alvo de violência estatal, não tem paz nem em um ambiente que deveria ser seguro porque é obrigado a conviver com pessoas racistas que fazem esse tipo de comentário abertamente. Desde quando estudei no Sartre, há uns 5 anos, o racismo é presente”, afirmou a jovem.

Caso geral revolta

Em repúdio à suposta omissão da SEB Sartre diante dos diálogos racistas, o Corpo de Alunos enviou à coordenação da sede da rede, no bairro do Itaigara, um documento onde é destacada a Lei 7.716, de janeiro de 1989, que define como crime atos de preconceito contra raça e cor no Brasil. 

“Não toleramos nenhuma forma de discriminação étnica, seja ela realizada no ambiente presencial ou virtual, em nossa vivência e queremos evidenciar que diversos alunos negros e pardos sentiram-se psicologicamente lesados pelos atos”, diz o documento. E segue: “Embora não se tratem de fragmentos que citem ou utilizem o nome da instituição, as mensagens foram disseminadas por alunos comprometidos com os padrões éticos e normas de convivência estabelecidos pelo instituto em questão; sendo assim, põe-se em risco a própria imagem e reputação da rede Sartre”, diz o documento.

A reinvindicação do grupo é que medidas “punitivas” sejam adotadas por parte da escola. Além disso, os responsáveis pela assinatura do documento também cogitam a possibilidade de irem “às instâncias legais responsáveis pela jurisdição de crimes virtuais e danos à moral pública”.  

Em nota, o colégio informou que afastou os alunos envolvidos no caso. Confira a nota na íntegra: 

O Sartre - Escola SEB repudia veementemente qualquer ação ou comportamento que desrespeite a dignidade das pessoas, incluindo atitudes discriminatórias e preconceituosas. A instituição tomou conhecimento de que circularam nas redes sociais registros de uma conversa reprovável, de cunho racista, entre jovens de diversas escolas, envolvidos na organização de uma festa particular e independente. Embora tudo tenha ocorrido fora do ambiente escolar, sem qualquer vínculo pedagógico, a escola não poderia se furtar de cumprir sua função educativa, verificando a participação de seus alunos no fato. Uma comissão para apuração foi instaurada e os alunos envolvidos foram afastados enquanto ocorrem as apurações. O Comitê de Ética está avaliando a situação a fim de encaminhar as devidas providências. Reforçamos nosso compromisso com uma educação humanística, inclusiva, pautada na diversidade e reconhecida há mais de 50 anos como referência em nossa cidade.

Envolvidos tentam se desculpar

Apontado como um dos autores das mensagens de cunho racista, um estudante da SEB Sartre publicou em seu perfil pessoal do Instagram o que considera um pedido de desculpas: “Tive a indecência de fazer comentários de extremo mau gosto e muito ofensivo. Me arrependi em seguida, mas já era tarde e não pude fazer nada para consertar”, escreveu o adolescente no texto cujo o título é “Não foi ‘brincadeira’”.

Uma segunda jovem acusada de utilizar os discursos de ódio contra negros utilizou a ferramenta de mensagem privada de um dos perfis onde trechos dos diálogos foram divulgados para tornar público o seu pedido de desculpas. De acordo com a estudante, “a intenção de brincar”, e tudo teria sido combinado entre os envolvidos. 

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*Atualizada às 12h31

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