Polícia

Sobrevivente de chacina de motoristas em Salvador diz que falou com Deus e seguiu luz; relembre depoimento

Reprodução/TV Bahia
A chacina de motoristas por aplicativo aconteceu em 2019; suspeita vai a júri popular  |   Bnews - Divulgação Reprodução/TV Bahia

Publicado em 19/04/2023, às 08h36   Nilson Marinho


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O único motorista por aplicativo que sobreviveu a chacina que terminou com a morte de quatro colegas de profissão em 2019, em Salvador, superou os traumas e encarou as lentes das câmeras de uma emissora local para dar o seu testemunho à época do crime. O homem, que manteve sua identidade preservada, deu detalhes do momento em que conseguiu se livrar das mãos dos traficantes, após uma das vítimas entrar em luta corporal com um suspeito no cativeiro localizado no bairro de Santo Inácio.

Uma travesti, identificada como Amanda, suspeita de participar do crime, vai a júri popular nesta quarta-feira (19), no Fórum Ruy Barbosa, na capital baiana. Ela será julgada pelas mortes de Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias. A ré teria atraído as vítimas para o local do crime após solicitar corridas por meio de uma plataforma de transporte.

Em uma entrevista dada à TV Bahia, o motorista sobrevivente contou que estava prestes a ser morto quando pediu a um dos traficantes para “falar com Deus”. No final da oração, um dos criminosos que estava com uma pistola em mãos, colocou a arma em cima de uma geladeira. Um outro motorista, aproveitando a distração do traficante, pegou a arma, mas acabou sendo alcançado — momento em que a vítima aproveitou para fugir do cativeiro.

O homem caiu de uma ribanceira e se rastejou em meio à uma área de vegetação até conseguir encontrar um vigilante, que o ajudou acionando a polícia. No momento da fuga, os criminosos atiraram em direção ao sobrevivente, mas nenhum disparo o acertou.

"Eu vi uma luz e Deus disse: 'ali tem alguém para lhe salvar'. Era um local que, acho, era do presídio, senão me engano. Levantei minha mão e um segurança veio com uma arma em punho [...] Eu caí, não tive mais forças. Quando cai, ouvi os gritos e, depois, os tiros. Eu disse que eles estavam matando os meus amigos e que me sequestraram. O segurança me levou para a portaria e pediu apoio. A polícia chegou, dobrei os meus joelhos e agradeci a Deus”, disse.

As investigações do caso apontaram que os traficantes tinham a intenção de roubar os veículos dos motoristas por aplicativo. Em meio a grande repercussão do crime, o então governador Rui Costa, atual ministro do governo Lula, chegou a dizer que a chacina aconteceu como uma forma de vingança à categoria de trabalhadores após a mãe de um dos criminosos ter uma corrida cancelada.

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