Mulher trans afirma ter sido agredida e desrespeitada por PMs em Nazaré das Farinhas

Uma mulher trans de 40 anos, identificada como Perla Sangalo, afirma ter sido vítima de violência e transfobia por parte de policiais militares durante uma ação em Nazaré das Farinhas, no Recôncavo baiano. A vítima relata que, no último dia 30 de outubro, estava com familiares e amigos em frente a sua residência, no bairro Alto do Cruzeiro, quando os PMs realizaram uma abordagem truculenta com o grupo que se preparava para acompanhar o resultado das eleições presidenciais.

De acordo com Sangalo, a sua mãe, Maria Antônia, de 75 anos, levou um soco no rosto durante a confusão. Ao tentar intervir, ela diz que um dos agentes arrancou o seu aplique capilar. Além disso, um dos PMs a ameaçou de morte, a chamou de 'veado' e usou o pronome masculino para desrespeitar a sua verdadeira identidade de gênero. A vítima registrou ocorrência na Delegacia Virtual em Salvador. 

“Nós moradores estávamos reunidos, família e vizinhos, para beber, momento em que a polícia militar subiu [a rua]. Todos correram e eu pedi para que eles ficassem porque nós não devíamos nada. Um capitão pediu para que a gente ficasse de 'boa' porque a operação não era contra a gente, mas na volta dos policiais, já sem a presença do capitão, eles disseram coisas. O meu sobrinho disse a um deles que ninguém podia ser preso porque era período eleitoral, nesse momento começou a confusão. Eu tentei filmar, mas um pegou tirar o meu celular e pisar nele”, disse a vítima em entrevista à TV Record Itapoan. 

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que agentes do 14º BPM avistaram um veículo com som alto e uma grande quantidade de pessoas bloqueando a via e dificultando o andamento do pleito eleitoral, no bairro Alto do Cruzeiro. Ainda de acordo com a PM, no local, após a abordagem, dois homens desacataram os agentes públicos e receberam voz de prisão, momento em que populares iniciaram uma tentativa de retirar os detidos de dentro dos veículos policiais. 

A PM não comentou sobre a suposta transfobia sofrida por Sangalo, mas lembrou que denúncias referentes a policiais militares podem ser feitas pelos canais de comunicação institucionais, a exemplo do 0800 284 0011 (Ouvidoria), ou de forma presencial, na Corregedoria geral da corporação, localizada na Rua Amazonas, nº 13, Pituba. "O sigilo da fonte é garantido", ressaltou a equipe de comunicação