Política

BRT de Feira volta a ser alvo de briga política e população sai prejudicada

Publicado em 18/09/2015, às 22h08   Juliana Nobre (@julianafrnobre)


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A primeira cidade da Bahia a ter obras para construção do BRT (Bus Rapid Transit), Feira de Santana é alvo de guerra política, próxima das eleições. O projeto de mobilidade urbana virou pauta de debate nos últimos meses entres os três principais postulantes à prefeitura do município. Com recursos de R$ 90 milhões, financiados pela Caixa Econômica Federal, aprovados pelo Ministério das Cidades, as obras podem, mais uma vez, serem suspensas. De um lado, um dos postulantes à prefeitura, o deputado estadual Zé Neto (PT), acusa a prefeitura de fraudar o projeto. Do outro, o prefeito José Ronaldo (DEM), se defende. No meio, a população, que não possui o sistema de mobilidade urbana e sem data para conclusão. Em conversa com o Bocão News, na noite desta sexta-feira (18), o secretário de Relações Interinstitucionais, Sérgio Carneiro, afirma que é “pressão política”.

Para completar a novela do BRT, na última quarta-feira (17), o secretário de Transportes e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Dario Rais Lopes, disse que a pasta vai pedir a Caixa suspensão temporária dos recursos liberados, por haver dúvidas em relação à forma como está sendo conduzido o processo pela prefeitura.

O petista aponta que o prefeito Zé Ronaldo fraudou documentos para conseguir os recursos no ministério. Outra preocupação está relacionada aos bairros que seriam atendidos no projeto inicial e deixaram de constar na atualização do mesmo. Em entrevista à uma rádio do município, em 2013, o prefeito anunciou que o BRT passaria pelo bairro do Tomba indo até a Universidade Estadual de Feira de Santana. “Eles desviaram o recurso para cumprir uma promessa de campanha que são as trincheiras de 42 milhões de reais na avenida Maria Quitéria. Os recursos para o bairro do Tomba foram retirados, mas foram aprovados pelo Ministério das Cidades. Isso é fraude”, afirma Zé Neto.

Questionário do Ministério das Cidades à prefeitura de Feira de Santana

Ainda de acordo com o deputado, a prefeitura mudou o projeto para que o modal atinja a avenida Getúlio Vargas, retirando quase 200 árvores. “Isso é para garantir dois túneis na Maria Quitéria, uma avenida que não passa transporte coletivo, mas é só para cumprimento a uma promessa de campanha”, aponta.

Outro ponto discutido pelo parlamentar foi o Plano Diretor Municipal. Segundo Neto, a prefeitura apresentou documentos informando estar atualizado. Contudo, as alterações do plano estão a cargo da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, como afirmou o secretário ao Bocão News.

Plano Diretor apresentado ao Ministério das Cidades

Briga política

Quem entrou na batalha nos últimos dias foi o deputado estadual Carlos Geílson (sem partido). O parlamentar é ventilado também para disputar a prefeitura de Feira de Santana. Em discurso na Assembleia Legislativa, na última terça-feira (15), Geílson citou a publicação de um áudio do irmão do deputado Zé Neto, engenheiro Franklin Ferreira. O engenheiro cita que seu filho, Danilo Ferreira estará no Ministério das Cidades para tratar do BRT.

Segundo Geílson, essa é uma tentativa dos opositores de barrarem as obras na cidade por questões políticas. “Apontar um equívoco na obra é aceitável, mas justificar uma posição anti-obra me parece uma questão eleitoral, quer deter o progresso da cidade. Esse discurso de fraude no projeto não se sustenta”, disse Geílson ao Bocão News.

Até o deputado federal Fernando Torres (PSD) entrou na guerra política. No áudio do irmão do petista, o parlamentar é citado para que se torne uma via em um possível segundo turno no município.  "Fortalecendo Fernando pra ele ir pro pau na campanha, porque só Zé Neto não é suficiente pra ter segundo turno", diz o engenheiro.

Sobre o áudio do irmão, Zé Neto se esquivou e disse ter sido uma “conversa boba e querendo fortalecer besteira”.

Resumo do orçamento

“Quem não conhece o projeto, fala o que não sabe”

O secretário Sérgio Carneiro – que pode ser vice na chapa de Zé Ronaldo – afirmou que a oposição quer prejudicar os trabalhadores da cidade. “Quem não conhece o projeto, fala o que não sabe. Nunca foi cogitado o bairro do Tomba, até porque as ruas são muito estreitas, teríamos que fazer uma desapropriação grande. Ônibus articulado ali não dá. O que o prefeito disse é que, como se tem uma estação transbordo no bairro, a população iria até uma outra estação sem pagar nova passagem, pegaria o BRT depois”, garantiu.

Segundo o secretário, os opositores ao projeto não conseguirão paralisar as obras desta vez. “O ministério validou o projeto, foi para a Caixa Econômica. A análise financeira foi aprovada. O banco quer saber se tem como pagar e a prefeitura tem. Então não tem porque o ministro barra o projeto. Ele conhece o projeto e sabe que não teve alterações”, reforçou.

Segundo o secretário, o prefeito fez a licitação conseguindo reduzir o valor em R$ 11 milhões. O projeto original já incluía dois túneis: um no cruzamento das avenidas Getúlio Vargas com Maria Quitéria, “onde são pontos de engarrafamentos”; e outro túnel entre a avenida Presidente Dutra com a João Durval. “Inclui ainda drenagem, preparando o entorno. A oposição quer atrapalhar o progresso da cidade”, assevera.

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