Política

Lei torna Bíblia Sagrada patrimônio imaterial da Bahia

Publicado em 17/02/2016, às 17h12   Juliana Nobre (@julianafrnobre)


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O deputado estadual Pastor Isidório (Pros) conseguiu aprovar, no fim do ano passado, depois de quatro anos engavetado, um projeto de lei que torna a Bíblia Sagrada patrimônio imaterial da Bahia. A lei foi promulgada pelo presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo, nesta quarta-feira (17).

Em sua justificativa, o parlamentar defende o ato como “uma deferência justíssima, considerando o alto número de cristãos católicos, evangélicos e outros que consideram o citado Livro como referência máxima para as suas religiões". Para ele, a Bíblia é um instrumento para todas as religiões e portanto não fere nenhuma delas.

Recentemente, o livro sagrado das religiões católica e evangélica foi alvo de uma polêmica protagonizada pela vereadora de Salvador, Cátia Rodrigues (Pros), que apresentou projeto para a construção de um monumento da bíblia no Dique do Tororó, em meio às estátuas de orixás – símbolos do Candomblé. A matéria virou indicação, mas não foi acatada pelo prefeito ACM Neto (DEM), já que uma praça com a mesma temática está em construção no Ogunjá.

Para o sociólogo e professor do Departamento de Política da Universidade Federal da Bahia, Israel Pinheiro, a defesa por representações de religiões em um estado laico é vista como prejudicial para a sociedade. Em conversa com o Bocão News, Pinheiro explica que a ‘cultuação’ provoca um atraso social. Ele ressalta que o Estado não pode oficializar uma religião e, portanto, equipamentos (monumentos) não deveriam ser autorizados. Pinheiro acredita que os orixás ainda representam a cultura do povo baiano, mas no caso da bíblia sagrada não.

“A religião é um sentimento normal da sociedade, mas estas promoções dentro de um Estado laico é estranho, porque não se pode oficializar uma religião. Mas temos um outro lado da história, de que a Bahia mistura religião com a política. É uma forma de colher frutos políticos. Ter uma religião é saudável, mas quando se instrumentaliza isso cria-se uma instituição dominadora. Aí gera-se um problema para a sociedade, como um atraso social. Duvido que em outros Estados do Nordeste, por exemplo, esse tipo de projeto fosse aprovado”, explica Pinheiro.

De acordo com dados do último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia tem 9 milhões de católicos, dois milhões de evangélicos e pouco mais de 47 mil pessoas declaradas seguidoras do candomblé e umbanda.

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