Política

Aliado do prefeito de Salvador, Temer foi desafeto do senador ACM

Publicado em 10/05/2016, às 13h49   Cíntia Kelly (@cintiakelly_)



Se a memória falha, os arquivos digitais são uma maravilha em tempos de contrapor fatos e ideias. Em 1999, portanto, no século passado, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) travou com o hoje vice-presidente Michel Temer, na época presidente da Câmara dos Deputados, um duelo de xingamentos.

Presidindo o Senado, ACM chamou Temer de “incompetente, invejoso, despeitado, sabotador e imoral”.

Em 99, aos 20 anos, o atual prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), não costumava discordar do avô. Agora, 17 anos depois, Neto não tem nem de longe a mesma opinião do avô sobre Temer.

Dias antes de acontecer a votação do impeachment na Câmara, ACM Neto jantou com o vice-presidente Michel Temer. No cardápio, costura sobre o eventual governo sob a batuta do peemedebista. E no cardápio, o democrata mostrou abertura para apoiar um governo de coalizão. É bom lembrar que o deputado José Carlos Aleluia (DEM) estava cotado para assumir um ministério, caso Dilma realmente seja impedida de completar o mandato.

Sobre o jantar, Neto mostrou que está aberto ao diálogo com Temer. “Caso haja o afastamento da presidente, sem dúvidas, terá que se ter um amplo diálogo nesse país, deixando de lado interesses pontuais, questões e divergências partidárias para fazer com que o Brasil supere esse momento difícil, de crise e de tantos problemas que afetam diretamente o dia a dia dos cidadãos”.

Em 1999, ACM e Michel Temer divergiram fortemente em torno da reforma do Judiciário. No bate-boca, cujas palavras mais afiadas saíram da boca de ACM – diga-se,  o político baiano afirmou que Temer tinha "pose de mordomo de filme de terror" e insinuou o envolvimento do colega em irregularidades no Porto de Santos. O peemedebista havia feito indicações políticas.

"O senador tem a mania de avacalhar as pessoas. Comigo ele não vai fazer isso. Não vou tolerar insinuações sobre moral. Em matéria de moral dou de 10 a zero nele", afirmou Temer à época. Temer afirmou que as acusações de ACM eram levianas. "Sou advogado com muito prazer e por isso posso falar sobre a reforma do Judiciário. O que não sei é se um médico (formação do presidente do Senado) pode fazer isso."

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