Política

Um dia após renúncia, Cunha volta a operar e envia orientações via WhatsApp

Publicado em 09/07/2016, às 13h30   Redação Bocão News



Assim que oficializou sua renúncia ao cargo de presidente da Câmara, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recomeçou a operar para influenciar na eleição de seu sucessor. De acordo com informações do jornal O Globo, em troca de mensagens em rede social com deputados do PMDB, fez recomendações, traçou cenários e até alertou para o risco de a permanência do interino Waldir Maranhão (PR-MA) dificultar a vida do presidente interino Michel Temer, com o encaminhamento do processo de impeachment contra ele, em andamento na Casa.
Cunha é um dos que defendem que o PMDB não indique candidato para sua sucessão e apoie um nome vindo do chamado centrão, grupo de partidos médios sobre o qual ainda exerce influência política. No PMDB, entre os vários nomes cogitados, o único que já confirmou candidatura foi o ex-ministro da Saúde do governo Dilma, Marcelo Castro (PI), um desafeto do ex-presidente da Câmara.
Para Cunha, a chance de a presidência da Câmara voltar ao PMDB é remota. Segundo ele, o centrão e legendas de oposição não deixarão o partido ocupar novamente a cadeira. “Temos uma condição diferente hoje por termos o presidente da República. Difícil ter Senado, Câmara e presidência em um único partido. São remotas as chances de aceitarem isso”, escreveu Cunha em uma das mensagens.
A discussão no grupo de conversa do PMDB, segundo alguns deputados, começou após Cunha enviar uma mensagem sobre o risco que Temer corre de sofrer um “golpe” orquestrado por Maranhão para acelerar o processo de impeachment contra o presidente interino, em curso na Câmara.
De acordo com a mensagem de Cunha, a saída para evitar a artimanha de Maranhão seria marcar a eleição do novo presidente já para o início da próxima semana. “Marcar segunda não é ruim, porque obriga a resolver”, escreveu Cunha, alertando os correligionários para o risco de retardar a data: “Perde-se mais uma semana, a última, e dá margem ao golpe que querem fazer de aceitar o impeachment de Michel”.
Adversários do ex-presidente classificam o recurso como mais uma manobra de Cunha para salvar o mandato. Aliados do ex-presidente refutam a ideia de que ele estaria operando para salvar o mandato. Para um desses aliados, Cunha não está pensando na eleição do novo presidente, pois está “destruído” com a perda do cargo e mais focado em desocupar a residência oficial da Câmara. Mas as mensagens ao grupo do PMDB no WhatsApp indicam o contrário.

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