Política

Lava Jato: vice-presidente do TCM diz que João Santana não “mexia” com dinheiro

Publicado em 12/07/2016, às 11h16   Rodrigo Daniel Silva



Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, como testemunha do marqueteiro João Santana, o vice-presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Fernando Vita, afirmou que o publicitário baiano não mexia diretamente com dinheiro nas campanhas políticas.

“Depois da fase de sucesso, como comunicador da área de marketing político, até onde acompanhei, sempre soube que esses assuntos [relacionados a dinheiro] não eram tratados por ele. Tipo contratação de gente, quanto vai ganhar, em que lugar vai se hospedar... Profissionais que trabalharam com ele por recomendação minha, o feedback que me deram após a contratação e cumprimento das tarefas, contaram que isso passava ao largo de João”, disse Vita, no depoimento prestado na última sexta-feira (8), por videoconferência na sede da Justiça Federal de Salvador.

No depoimento, Fernando Vita destacou que não é do “perfil” de João Santana ter contatos com políticos e empresários. “Até onde eu conheci, sincera e francamente, não.Até porque ele  não tem a menor paciência para qualquer tipo de conversa que seja muito comprida. Não creio que ele tenha essa habilidade”, afirmou, ressaltando que o publicitário baiano não era chegado a badalações.

Vita fez questão de salientar que Santana, embora tenha feito campanhas para o PT, não tinha “preocupação partidária” e “trabalharia para qualquer partido”. Ainda na sua fala, contou que conheceu o marqueteiro no final da década de 1960, quando João Santana chegou para trabalhar no antigo Jornal da Bahia, como estagiário. Na época, o vice-presidente do TCM era repórter da publicação.

Fernando Vita disse que ao longo do tempo foi diminuindo o contato com João Santana, por causa das atividades profissionais diferentes de cada um. “Vejo menos do que gostaria, porque em determinando momento das nossas vidas, João foi para um lado do comunicação, que é o da política. E eu tomei outros lados. [...] Nós não nos víamos com muita frequência, mas é uma pessoa que é minha amiga e quero muito bem”, disse.

O depoimento do vice-presidente do TCM durou quase 20 minutos. Neste tempo, apenas os advogados de João Santana questionaram Fernando Vita. O Ministério Público Federal (MPF) se absteve. Em um determinando momento, os defensores do publicitário indagaram ao vice-presidente do TCM se ele sabia que João Santana ganhou o Prêmio Esso, um dos mais importantes do jornalismo. O juiz Sérgio Moro interrompeu e disse que essa pergunta era para “alongar” e que o talento do marqueteiro não estava em discussão.

Nos bastidores, comenta-se que o publicitário João Santana teve dificuldades para encontrar testemunhas favoráveis a ele. O marqueteiro indicou também o jornalista Demóstenes Teixeira e o publicitário Raimundo Luedy.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp