Política

Mônica Moura falou do depósito de Eike ao negociar delação

Publicado em 22/09/2016, às 15h46   Folhapress



A informação original de que Eike Batista pagou US$ 2,35 milhões em dívidas de campanhas do PT em 2013 está num dos anexos do acordo de delação que Mônica Moura negocia com procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato. 
Essa delação ainda não foi homologada pela Justiça, mas o vazamento dessa informação levou o empresário Eike Batista a procurar os investigadores da Lava Jato e confessar em maio deste ano que fizera o depósito num banco na Suíça para o marqueteiro do PT, João Santana, e sua mulher, Mônica Santana. 
Segundo Eike, o montante pedido era uma contribuição para a campanha da presidente Dilma Rousseff, sem especificar de que ano seria a disputa. O valor foi depositado numa conta na Suíça, que o casal mantinha no Heritage Bank. 
A campanha de Dilma nega ter recebido recursos ilegais. 
Eike prestou o depoimento aos procuradores em 20 de maio deste ano, mencionado que o valor fora pedido pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. A informação de que Mônica citara o dono da OSX como pagador de propina para o PT apareceu no jornal "O Globo" quatro dias depois. O empresário sabia que o "O Globo" detinha essa informação porque o jornal o procurara antes, para ouvir a versão do executivo sobre o depósito feito na Suíça. 
Como Eike confirmou a informação que Mônica prestara na delação ainda não homologada, não há qualquer irregularidade no processo. 
Eike decidiu ir espontaneamente à força-tarefa para evitar que sua situação se complicasse ainda mais. Ele chegou a ser o oitavo homem mais rico do mundo, em 2012, com um patrimônio de US$ 34 bilhões, mas, com a quebra do seu grupo, hoje tem um patrimônio negativo de US$ 1 bilhão. 
Além das perdas financeiras, Eike já foi condenado na Justiça por crimes como lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de quadrilha e crimes contra o mercado financeiro. Ele também foi proibido pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o xerife do mercado financeiro brasileiro, de ocupar por cinco anos cargos de administração ou no conselho de empresas que negociem ações na Bolsa de Valores. 
Outro delator da Lava Jato, o operador Fernando Soares, o Fernando Baiano, havia relatado em seu acordo que Eike pagara R$ 2 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai para que ele defendesse os interesses de suas empresas junto à Sete Brasil. 
A Sete Brasil foi usada pela Petrobras para contratar plataformas de petróleo. Lula teria participado de reuniões com o presidente da Sete Brasil, José Carlos Ferraz, nas quais os negócios com Eike teriam sido discutidos. 
O Instituto Lula, Eike e Bumlai refutam a versão contada por Baiano. 
João Santana e Mônica Moura foram soltos pelo juiz Sergio Moro no dia 1º de agosto, depois que aceitaram pagar fianças que somam pouco mais de R$ 31 milhões -R$ 28,5 milhões para ela e R$ 2,76 milhões para ele.
O casal já confessou que recebeu US$ 3 milhões da Odebrecht e US$ 4,5 milhões de um lobista da Petrobras chamado Swi Skornicki em contas fora do Brasil. Tanto a Odebrecht como o lobista negociam acordos de delação com procuradores da Lava Jato.

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