Política

Claramente um caso de corrupção, diz ex-ministro sobre pressão de Geddel

Publicado em 20/11/2016, às 07h40   Redação Bocão News


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Neste sábado (19), um dia após pedir demissão do Ministério da Cultura e denunciar o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), por pressionar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que autorizasse a construção de um condomínio com altura acima do permitido em Salvador, o diplomata Marcelo Calero durante evento no Rio de Janeiro, que não deseja a ninguém “estar diante de uma pressão política, claramente um caso de corrupção”.
“Não me considero herói nem a pessoa mais honesta do mundo, não tenho história de superação para contar, sempre tive uma vida confortável, mas na conta, trabalhando para isso. Meu pai e minha mãe trabalharam muito, eu estudava e trabalhava e fui criado num ambiente onde os valores de retidão e honestidade sempre foram fundamentais. Não tenho iate, casa na praia nem joia cara, mas tenho reputação e nome. Perco o cargo, mas não perco a cabeça. Esse mundo (do poder em Brasília) é muito diferente, é rotina estar num nível de milhões, a gente vai até perdendo a noção de normalidade das coisas. Eu cheguei a contar para amigos o que estava acontecendo e perguntar: ‘Isso é errado mesmo, como estou pensando, ou eu estou louco?’".
Na oportunidade, ele ainda revelou ter narrado ao presidente Michel Temer (PMDB), no último dia 17, a pressão que sofria. "Ele falou: ‘mas o presidente sou eu, não o Geddel’. Só que eu percebi que a pressão ia continuar, então preferi sair. Já inventaram várias versões, culparam até a Vaquejada (pela saída do Ministério), mas saio de cabeça erguida porque sei exatamente o que aconteceu", diz.
E continua: "uma situação como essa, de um ministro ligar para outro ministro pedindo interferência em um órgão público para que uma decisão fosse tomada em seu benefício, não é normal e não pode ser vista assim. Não é normal", afirma.
Calero disse ainda que interesses pessoais não podem ultrapassar a questão de uma construção de um prédio em uma área histórica de Salvador. Ele considerou a postura de Geddel Vieira Lima como "descolada da realidade". "É um mundo à parte. Pensei: 'Esse cara é louco, esse cara é maluco'. Parece que muitas vezes essa classe [política] tem um descolamento totalmente alheio à situação das pessoas", critica.
O diplomata que voltará ao cargo no Itamaraty, afirmou não ter gravado conversas com Geddel e ressalta não estar preocupado em ter sua versão contestada pelo peemedebista: "não tenho nada a temer. Não tenho rabo preso, não sou metido em maracutaia, sou um cidadão de classe média, servidor público, diplomata de carreira, assalariado, não tenho nada a esconder. Nunca agi errado, nunca roubei. Sou um cidadão normal", finaliza.

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