Política

Temer já quis esvaziar Iphan, centro da atual crise no governo

Publicado em 21/11/2016, às 06h32   Redação Bocão News


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Imagem relacionadaEm uma de suas primeiras medidas ao assumir a Presidência, em maio, o presidente Michel Temer (PMDB) tentou esvaziar o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), de acordo com informações do jornal Folha. O órgão está no centro de uma crise no governo desde a semana passada, quando o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero pediu demissão. Ele acusou o titular da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, de pressioná-lo a passar por cima de um parecer do Iphan que impedia a construção do edifício La Vue, um prédio de 30 andares em Salvador, por estar próximo a bens tombados.Geddel possui um dos apartamentos no edifício, que tem unidades ao custo de R$ 2,5 milhões e fica localizado na Ladeira da Barra, área nobre da cidade.
A reportagem detalha que o esvaziamento do Iphan ocorreria com a criação da Secretaria Nacional de Patrimônio Histórico, incluída na medida provisória que ressuscitou o Ministério da Cultura –a pasta havia sido extinta. Segundo o jornal apurou, Geddel planejava emplacar na nova secretaria o ex-superintendente do órgão na Bahia Carlos Amorim.
Ainda de acordo com a publicação, na gestão de Amorim, o Iphan da Bahia autorizou em 2014 a construção do La Vue, decisão depois desfeita pela direção nacional do órgão. A nova secretaria passaria a ser a responsável pela concessão de licenciamento para obras, enquanto ao Iphan caberia mais a fiscalização. A criação da nova instância acabou retirada do texto pela relatora, deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), que considerou que haveria sobreposição com o Iphan. Geddel nega ter participado da elaboração da medida provisória e diz que não planejava fazer indicações para a secretaria. Na época, membros do Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico protestaram e pediram a revogação da criação da secretaria.
Em 2014, quando ainda comandava o Iphan na Bahia, Amorim foi um dos convidados da badalada festa de 15 anos da filha de Geddel. Apesar disso, o ministro diz que o conhece, mas não tem relação com ele. "Foi uma festa para mais de 300 convidados. Querer fazer disso uma relação é ver chifre em cabeça de cavalo", diz Geddel. Servidor de carreira do Iphan, Amorim dirigiu o órgão na Bahia durante os governos petistas. Mas foi demitido em outubro do ano passado para dar lugar a um indicado do deputado José Carlos Araújo (PR-BA).
Numa rede social, o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira (PT) afirma que os "desmandos" de Amorim no caso do "La Vue" foram determinantes para a sua demissão.Ao negar a indicação, Geddel disse que conhece Amorim "pelo cargo que ocupa, como muita gente o conhece na Bahia". 
Amorim foi procurado pela reportagem, mas estava com o celular desligado.

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