Nem de longe está perto de acabar o embate entre os vereadores com relação à escolha do metrô para a avenida Paralela
(leia aqui). Alguns vereadores, muitos da ala chamada independente, se posicionaram a favor do projeto – que tem apoio do prefeito João Henrique (PP) e do governador Jaques Wagner (PT), outros, com a liderança de Pedro Godinho (PMDB), presidente da Câmara, fazem críticas ferrenhas ao projeto posto. Não pela escolha em si, mas pela “falta de debate”.
Diante desse imbróglio, a vereadora Andréa Mendonça resolveu soltar o verbo. Após muitas diretas e indiretas através de sua conta no Twitter (@andreamendonca), a vereadora falou ao Bocão News o motivo de tanta revolta: “Saiu uma nota da Tribuna da Bahia dizendo que não entendiam a posição do bloco independente de apoiar o modal. Esse povo vive de articulação. A gente vive do bem de Salvador”.
Na entrevista, Mendonça disse que é, sim, a favor do modal escolhido e que a justificativa de Godinho e de outros vereadores não tem fundamento: “houve debate, sim. Participei de todos. É o melhor pra cidade. Estamos em concordância com o prefeito e com o governador”.
O presidente da Câmara discorda categoricamente: “Na realidade, o que queremos é que a Câmara participe da discussão. Não estamos a favor desse ou daquele modal. Queremos ouvir as opiniões. Mas não houve o debate necessário”.
A briga parece só estar começando, mas a Câmara já está completamente dividida. Uns defendendo os interesses da população, outros interesses políticos. Andréa citou ao Bocão News alguns dos parceiros que a apóiam: “Olívia, Aladilce, Vânia, Gilmar, Moisés, Leokret e Joceval. Carballal e Giovanni falaram com os correligionários que também estão a favor do trilho. Alias, da integração do modal”.
Questionado pela reportagem se não teve tempo de sobrar para solicitar um amplo debate na Câmara e com a sociedade sobre o modal a ser escolhido, Godinho criticou o posicionamento da prefeitura e do governo: “Cobramos, fizemos documentos ao governo e à prefeitura e não fomos chamados. Foi um descuido lamentável do governo e da prefeitura”.
O problema é que para alguns vereadores, Godinho está falando de forma equivocada em nome do grupo. “Pedro Godinho não representa nossa opinião. Houve debate, sim”, disse a – ainda – representante do DEM na Câmara.
Quando o tema é a proposta feita pelo Setps de bancar e gerir o BRT em vez do metrô na Paralela, o clima fica pesado: “É um escândalo. Não vejo nenhuma possibilidade de isso acontecer. Salvador não está à venda e nem seus dirigente. Não somos reféns de sindicatos patronais. O Setps que aproveite as verbas para melhorar e adequar os ônibus”. Godinho, por sua vez, tem um posicionamento mais ameno: “Isso é uma questão dentro do bojo que pode ser analisada. Se é bom não sabemos, temos que ver o ponto de vista técnico e jurídico”.
Sobre a polêmica declaração com relação aos “esgotos” da Câmara, Andréa explicou: “eles falaram que nos corredores da Câmara se comenta qual seria nossa articulação. Não pode ser da Câmara, que é de pessoas boas, mas dos esgotos de lá, onde ficam as pessoas que não querem aparecer”. Godinho rebateu e disparou: “Só ela pode dizer quais são os esgotos da Câmara”.
Questionada pelo Bocão News se não teria medo das conseqüências dessa briga com o empresariado ligado ao Setps, a vereadora provocou: “É uma máfia, um cartel. Não empresariado”. A reportagem tentou contato com Horácio Brasil, diretor-executivo do Stps, mas não obteve êxito.
