Política

Rui e Neto intensificam prévia eleitoral, mas diminuem vigor em obras de encosta

Publicado em 03/09/2017, às 10h49   Eliezer Santos


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Pouco mais de dois anos atrás Salvador enfrentava um dos mais severos períodos de chuva com tragédias de desabamentos de casas, deslizamentos de terra com inúmeros feridos e vítimas fatais, como ocorreu nas localidades do Barro Branco e Baixa do Fiscal.
Naquela mesma época, surgiam os primeiros episódios da antecipada batalha político-eleitoral – hoje escancarada – entre o prefeito ACM Neto (DEM) e o governador Rui Costa (PT).
A primeira impressão era de que a atuação em duas frentes iria acelerar o socorro às vítimas.
Apesar do cenário de horror, as ações de amparo às famílias atingidas rapidamente saltaram dos charcos de lama para as plataformas de publicidade em outdoors e vinhetas comerciais no duelo “quem faz mais” por Salvador.
Entre a urgência das intervenções e iminência real de novos acidentes, os rivais se detiveram em capitalizar os contornos políticos do caso.
Choveu em abril de 2015 329,8 milímetros, volume bem acima da média histórica do mês, que é de 309,7 milímetros. Em 2016, no mesmo período, as chuvas vieram em proporção bem menor, apenas 68,7 milímetros, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em abril de 2017 choveu 147,8 milímetros.
Na comunidade do Barro Branco, por exemplo, os moradores esperaram por dois anos até que as obras de reparação fossem concluídas. A despeito da demora e do sofrimento alheio, a prefeitura entregou a nova encosta em março deste ano com ares de festa em ocasião que culminou com o aniversário de Salvador no mês de março.
A obra custou R$ 7,7 milhões, mas quatro meses depois parte da encosta cedeu, na madrugada do dia 30 de julho, no Alto do Peru. Um poste de energia caiu em cima de uma das casas na Rua Oriente, mas ninguém ficou ferido.
NÚMEROS GERAIS - Embalados agora na recente celeuma em torno da paternidade do metrô, ações de mobilidade urbana e troca de farpas sobre ações de segurança pública no estado, Rui e Neto diminuíram bastante o vigor com ações preventivas em áreas consideradas de risco - de acordo com a Defesa Civil (Codesal), são cerca de 600 em Salvador.
Em números gerais prefeitura [a partir de 2013] e governo [a partir de 2015] fizeram apenas 142 contenções – dentre as quais 71 foram aplicações de geomantas, uma tecnologia usada pela prefeitura que é mais barata, mais fácil de aplicar, porém com validade de cinco anos, podendo chegar a dez.
Em 2016 o ex-secretário da Defesa Civil de Salvador, Paulo Fontana, disse ao BNews que o valor do metro quadrado da geomanta, já aplicada nos terrenos, era de R$ 144. Já a execução da obra de contenção convencional tinha o custo médio é de R$ 1500.
NÚMEROS DA PREFEITURA - As 44 encostas feitas pela prefeitura custaram R$ 48,4 milhões, dos quais R$ 41,7 milhões foram de recursos próprios do município. O restante, veio dos Ministérios das Cidades e Integração.
Quatro obras de contenção estão em andamento e outras quatro previstas para começar ainda este ano.
O investimento na compra e aplicação das 71 geomantas custou R$ 6,5 milhões.
NÚMEROS DO GOVERNO ESTADUAL - Do primeiro ano do governo Rui até agora, em 2015 (?), a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) entregou 27 contenções de encostas – a última foi em 23 de janeiro deste ano no bairro da Cidade Nova, na Travessa São Roque e na Avenida Serrão.
O número, porém, está aquém das 98 intervenções prometidas em propagandas institucionais.
O governo afirma que aplicou R$ 216 milhões, em parceria com recursos federais vindos dos ministérios das Cidades e Integração Nacional. Diz que beneficiou mais de duas mil famílias que vivem em bairros do subúrbio, como Cajazeiras, Pau da Lima, Palestina, Canabrava, Liberdade e Vila Canária.
Segundo a Conder, as obras são completadas com outras melhorias na infraestrutura dos locais, como escadarias, corrimãos, caminhos de concreto, drenagem e áreas de convivência, a exemplo de parques infantis.
Em 2018, se confirmada a polarização entre Rui Costa e ACM Neto, esses números devem ser amplamente explorados pelas equipes de campanha, que costumam supervalorizar a real efetividade das obras diante da enorme demanda em aberto.
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