Tragédia no Barro Branco completa um ano e moradores ainda reclamam de abandono

Com o coração ainda apertado pelo terror da tragédia, moradores da localidade do Barro Branco voltam um ano depois ao cenário onde 11 pessoas, entre amigos e familiares, morreram vítimas dos desabamentos de imóveis e deslizamentos de terra por conta das fortes chuvas que abateram Salvador em 27 de abril de 2015. 

Em homenagem aos entres queridos, eles se reunirão na comunidade às 15h desta quarta-feira (27) onde deixarão flores.

Segundo Edna Dourado, ex-moradora da região e organizadora do ato, a comunidade ainda enfrenta difíceis condições de moradia. Em conversa com o Bocão News, ela conta que, dias depois da tragédia, teve de abandonar a própria casa de três andares que fora condenada pelos engenheiros da prefeitura.

Desde então, foi ampara pelo auxílio moradia no valor de R$ 300. A quantia, porém, não cobre a média de preço praticado para aluguel de imóveis no bairro e Edna precisou deixar uma casa que havia alugado na localidade Alto do Peru por R$ 400.

Hoje ela vive com os dois filhos num espaço de dois cômodos (quarto e sala), cujo valor corresponde ao teto do auxílio repassado pelo município. Somado ao desconforto da moradia simples e bastante limitada, Edna também reclama de atraso nos pagamentos. “Quando a prefeitura atrasava, tinha que tirar do meu para pagar".

Outra preocupação é com a construção e entrega do conjunto habitacional Minha Casa Minha Vida na avenida San Martin, que acolherá definitivamente os desabrigados. De acordo com Edna Dourado, a prefeitura deu o prazo de dois anos para conclusão da obra, mas ainda não desapropriou a área onde os imóveis serão erguidos, hoje ocupada pela empresa São Geraldo. 

Além do Barro Branco, moradores do Marotinho, em Bom Juá, e da Baixa do Fiscal foram arrasados pelo período de chuvas mais severo dos últimos anos na capital baiana. Ao todo 22 pessoas morreram em 2015. 

Por conta dos desastres, os soteropolitanos iniciaram uma corrente de solidariedade, da qual o Bocão News também fez parte, com a coleta e entrega de donativos aos desabrigados.

Pouco a pouco, com suor e lágrimas, os moradores das áreas afetadas começaram a reconstruir a vida a partir do que restou.

A reportagem tentou falar com o secretário municipal de Promoção Social, Bruno Reis, sobre a denúncia de atraso no pagamento do auxílio aluguel e da falta de previsão dos moradores quanto às novas moradias, mas as ligações não foram atendidas.