Política

'Vamos preservar o ambiente sem ideologia', diz futuro ministro de Bolsonaro

Fotoarena/Folhapress
Salles é advogado e ex-secretário de Meio Ambiente do governo de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB)  |   Bnews - Divulgação Fotoarena/Folhapress

Publicado em 09/12/2018, às 18h54   Folhapress



O futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles afirmou à Folha de S.Paulo que pretende ajudar o Brasil a se desenvolver. "Vamos preservar o meio ambiente sem ideologia e com muita razoabilidade", avisou. 

"Respeitaremos todos aqueles que trabalham e produzem no Brasil, não só na agropecuária, mas todos os setores produtivos, inclusive na infraestrutura", disse. Com o anúncio, feito neste domingo (9) pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro conclui suas nomeações, fechando seu governo com 22 ministérios, sete a mais do que o previsto durante a campanha. 

Salles é advogado e ex-secretário de Meio Ambiente do governo de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). Concorreu ao cargo de deputado federal pelo Partido Novo nas eleições deste ano, mas não se elegeu. Ele é um dos criadores do movimento Endireita Brasil.

Quando era secretário do governo do tucano, ele e mais duas funcionárias da sua equipe foram alvos de uma ação de improbidade administrativa por suspeita de esconder alterações em mapas do zoneamento ambiental do rio Tietê, na Grande São Paulo. Questionado sobre sua relação com ambientalistas, Salles afirmou que "todos serão respeitados e ouvidos".

Em todos os seis mapas, "modificados de forma maliciosa", segundo o promotor Silvio Antônio Marques, a proteção ao rio mais importante da Grande SP ficou mais frouxa. Eram áreas que estavam identificadas como de proteção ambiental, que poderiam impedir enchentes, por exemplo, mas, agora, ficaram livres para serem usadas por indústrias e mineradoras.

Em um dos pontos identificados pela equipe técnica que assessora o promotor Leandro Leme, a alteração ocorreu exatamente em uma área vizinha a uma grande indústria do município de Suzano. "Áreas de proteção, agora, poderão virar industriais", disse o promotor Leme.

A equipe da Promotoria identificou as mudanças, que não foram registradas nos mapas, e nem discutidas, na véspera da reunião do Consema, realizada no dia 31 de janeiro. Os mapas originais, discutidos e conhecidos da comunidade ambiental, foram feitos em 2013 por cientistas da Universidade de São Paulo.

Durante a campanha para deputado, Salles gerou controvérsia com uma publicação em rede social na qual associava uma imagem de munição de fuzil às seguintes bandeiras: "contra a esquerda e o MST", "contra a bandidagem no campo", "contra o roubo de trator, gado, insumos..." e "contra a praga do javali".

O Ministério do Meio Ambiente foi alvo de polêmicas desde a campanha de Bolsonaro. Quando ainda era candidato, ele prometeu unificar a pasta à Agricultura, mas acabou desistindo após sofrer pressão de ambientalistas e de ruralistas. A escolha para o ministério ocorre no rescaldo da repercussão negativa gerada pela desistência do governo brasileiro de sediar a Cúpula do Clima, Cop-25, em 2019. Embora o Ministério das Relações Exteriores tenha justificado a mudança por ausência de Orçamento, no exterior, a medida foi vista como uma ação do governo Bolsonaro, que critica a ação de organizações internacionais em relação a assuntos do clima.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp