Política

Bolsonaro sofre derrotas no Congresso e plano do governo fica em xeque

Fotoarena/Folhapress
As decisões dos parlamentares expõem a fragilidade política da base aliada  |   Bnews - Divulgação Fotoarena/Folhapress

Publicado em 09/05/2019, às 21h10   Folhapress


FacebookTwitterWhatsApp

O governo Jair Bolsonaro (PSL) sofreu derrotas no Congresso nesta quinta (9) que colocaram em xeque a reforma administrativa do presidente e os planos do ministro Sergio Moro -que tentava manter sob sua responsabilidade o Coaf, órgão considerado estratégico por ele para ações de combate à corrupção.

Além de terem exposto a fragilidade política da base aliada, as decisões dos parlamentares ameaçam desfigurar a estrutura do governo, que não conseguiu emplacar suas demandas mesmo após ter cedido às pressões e aceitado recriar dois ministérios que inicialmente poderiam abrigar indicações políticas.

O que está em jogo é a medida provisória 870 de Bolsonaro, que estabeleceu logo no começo do mandato uma nova configuração de pastas e atribuições -num total de 22 com status ministerial, contra 29 sob Michel Temer (MDB). A MP precisa passar pela Câmara e pelo Senado até 3 de junho, quando ela expira. O prazo, porém, ficou apertado com a decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de não votá-la nesta quinta-feira, como foi previsto por governo e oposição, e empurrar a discussão para a semana que vem.

Maia se disse forçado a adiar a votação para priorizar outras MPs mais antigas. Afirmou que ainda é possível votar a reforma administrativa no prazo, mas citou um adversário de Bolsonaro e disse que o governo precisará se articular. "Como a base ainda está um pouco desorganizada, vai ter que ter uma organização rápida para superar todas as medidas provisórias para chegar na 870. Já vi governo com bom diálogo votar 30 medidas provisórias num dia, o governo do PT, do presidente Lula", disse.

Mais cedo, em uma derrota do governo e de Moro, a comissão do Congresso que analisa a medida decidiu pela retirada do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) da pasta da Justiça, com a transferência dele ao Ministério da Economia. Apesar do discurso do ex-juiz de que a permanência do órgão na Justiça era fundamental para ações de combate à corrupção, venceu a pressão de integrantes do centrão e da oposição: foram 14 votos a favor da mudança e 11 contra.

Votaram pela retirada do Coaf da pasta de Moro representantes de PP, PR, PSD, DEM, MDB, PSDB, PT, PDT e PSB. Dos 14 votos com essa posição, 9 vieram de partidos da base aliada do governo.

O resultado da votação reforçou em aliados de Bolsonaro o entendimento de que será preciso se aproximar do centrão para aprovar a agenda do presidente da República. "O centrão faz parte do Congresso Nacional. Temos que nos relacionar com o centrão. São representantes legítimos do povo brasileiro. São partidos políticos organizados. Vamos acabar com preconceitos, com críticas. Isso foi assim com todos os governos", disse o líder do governo no Senado e relator da MP, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp