Política

Bolsonaro diz que pode ligar para dirigente da China após crise com o país

Isac Nóbrega/PR
Eduardo Bolsonaro e o embaixador da China no Brasil têm protagonizado uma troca de acusações nas redes sociais  |   Bnews - Divulgação Isac Nóbrega/PR

Publicado em 20/03/2020, às 11h21   Folhapress


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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta (20) que, se for necessário, pode ligar para o dirigente da China, Xi Jinping, para aparar os atritos com o país gerados por declarações do seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

"Não há nenhum problema com a China. Zero problema com a China. Se eu tiver que ligar para o presidente [sic] chinês, eu ligo sem problema. Qual é a acusação? Qual o motivo desse problema?", disse, em entrevista à imprensa, na porta do Palácio da Alvorada.

Desde quarta (18), Eduardo Bolsonaro e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, têm protagonizado uma troca de acusações nas redes sociais por causa de publicações do filho do presidente nas quais ele afirma que o governo chinês é culpado pela pandemia de Covid-19.

Na quarta, Eduardo comparou a pandemia do novo coronavírus ao acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986.

"Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas", escreveu o deputado.

Apesar de ter dito que pode ligar para o dirigente chinês, Bolsonaro minimizou a fala de seu filho, dizendo que é a manifestação de um "parlamentar" e que "escuta falar há dois meses que o vírus nasceu na China".

Questionado sobre se acredita que a disseminação do vírus é culpa da China, Bolsonaro se limitou a dizer que não comentaria o assunto.

"Eu cometi algum crime? Eu fiz alguma acusação a alguém? Por que você não pede desculpas então?", disse aos jornalistas.

Bolsonaro minimizou o atrito com as autoridades chinesas. 

"Esse assunto é página virada. Não temos problema com a China. Conversei com a Tereza Cristina [ministra da Agricultura], nós não temos problema com a China", afirmou.

Pequim classificou a declaração de Eduardo na quarta-feira como "insulto maléfico" e afirmou que ele voltou com um "vírus mental" da viagem aos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente dos EUA, Donald Trump, no resort do americano em Mar-a-Lago, na Flórida.

O incidente diplomático criado por Eduardo fez com que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pedissem desculpas pela fala do parlamentar. O chanceler Ernesto Araújo, por sua vez, disse que as falas de Eduardo não refletem a opinião do governo brasileiro. Mas cobrou um pedido de retratação por parte de Yang pelo que chamou de ofensas ao presidente Bolsonaro.

Em resposta, Eduardo disse nesta quinta (19) que nunca quis ofender o povo chinês, mas manteve as críticas ao regime e afirmou que o embaixador Yang não rebateu seus argumentos.

Após a réplica do deputado, a embaixada voltou a se manifestar e disse que quem ataca a China dá um tiro no pé.

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